A CASACOR São Paulo 2023 respira arte, como pinturas, esculturas, gravuras, fotografias, tapeçaria, móveis e objetos de design, que contam as histórias por trás da concepção de cada ambiente. A mostra acontece até 06 de agosto no Conjunto Nacional da Avenida Paulista.

Um dos primeiros espaços da CASACOR São Paulo é o Alma Brasileira – Banco BRB, criado por Juliana Cascaes. Como o nome já diz, o ambiente traz uma representatividade forte da brasilidade, miscigenação e toda criatividade e potencialidade do povo brasileiro. Logo na entrada, o quadro de Abraham Palatnik instiga no observador o pensamento crítico através das linhas presentes em seu quadro.
Duas esculturas de Amílcar de Castro, intituladas Corte e Dobra, foram feitas com corte a laser. Sem menos destaque, o visitante encontra um mosaico de Athos Bulcão, uma referência à nossa Capital Federal ou ainda uma gravura dos Irmãos Campana, feita exclusivamente para a Louis Vuitton com uma homenagem ao estado de São Paulo.

Na Casa Riachuelo Morada do Samba, de Marcelo Salum a ideia é valorizar as culturas africana e brasileira, tendo como ponto de partida o samba. A escolha das obras de arte tem grande importância no projeto.
Para compor o ambiente, algumas máscaras – elemento bem representativo da cultura africana – foram fornecidas pelo acervo museológico da Pangea. Vale ressaltar ainda a obra de Emerson Rocha, inspirada em uma fotografia de Alberto Henschel tirada em 1839, na Bahia.

O projeto traz também uma tela na entrada e duas esculturas de Daniel Jorge, a pintura de uma roda de samba, feita com exclusividade pelo artista Luiz Pasqualini, além de um oratório de São Jorge de Juliano Aguiar, fotografias de Juliana Hofmann, Bruno Jungmann, Mario Cravo Neto, Carlos Vergara e a pintura de Maurício Adinolfi.

Na Casa que Abraça de autoria da Migs Arquitetura, a base neutra de todo o ambiente é a ideal para os toques de cor, com tons mais marcantes. O ponto de partida foi a obra da artista plástica Mucky Skowronski, uma tela bordada com miçangas sobre desenhos à mão livre.
Um trabalho gráfico e, ao mesmo tempo lúdico, que tem um “que” de Burle Max e remete ainda ao mar e floresta, cenários do dia a dia no Rio, cidade de origem das arquitetas responsáveis, além disso, fotos da série Amazônia, de Edu Simões; quadro de Hidelbrando de Castro, que compõe lindamente a área da lareira; e trio de quadros de Luciano Figueiredo e painel de Clarissa Schneider.

Na Casa Essência Duratex de Paola Ribeiro, o destaque vai para a obra do artista Marcelo Catalano, que foi feita especialmente para o espaço, adequando-se às medidas exatas da boiserie central. O conjunto de 36 obras em caixas de acrílico de cores variadas recebeu o nome de Apollinaire, em referência ao crítico de arte e poeta francês que “assim como em um poema, partes de um conjunto feito de detalhes formam o todo, estabelecendo um diálogo entre geometria, que é o tema e pano de fundo e a cor, ali representada também pelas caixas de acrílico, que extrapolam seu papel para além da moldura”, descreve o artista.

Na Casa Kraftizen Cosentino, criada pela Suíte Arquitetos o foco está em artistas consagrados e jovens talentos, em obras que apoiam a narrativa do ambiente, baseada na intersecção entre a natureza e a tecnologia. Chama a atenção a obra do mexicano Héctor Zamora, que vive e trabalha no Brasil há quase uma década.
Na série “3 -Potencialidades A” (2022), Zamora utiliza tijolos cerâmicos que desconstrói para compor combinações. Ao desviar e (re)contextualizar elementos que extrai do contexto arquitetônico ou social das cidades e países em que atua, ele expande os limites da esfera real, cria conexões inesperadas e nos convida a repensar nossa relação com a vida cotidiana como bem como ao nosso ambiente, trazendo um alfabeto de formas feitas a partir de uma única estrutura de partida.

A arquiteta, ativista e presidente do “Instituto Fazendinhando”, Ester Carro, estreia na CASACOR 2023 com um ambiente repleto de referências da sua história, indo no cerne de sua origem e trazendo as memórias de sua vida na comunidade do Jardim Colombo, que faz parte do Complexo de Paraisópolis, Zona Oeste de São Paulo.
Nomeado Motirõ, é um espaço de voz a quem luta por vida, sensibilização para o morar periférico e potência de habilidades ancestrais. Em tupi-guarani, o termo faz referência à “reunião de pessoas para colher ou construir algo juntos, uns ajudando os outros”.
Waxamani Mehinako, artista indígena que valoriza e resgata os grafismos quase extintos, também marca presença com painéis exclusivos instalados em um mobiliário desenhado pensando nas casas de comunidades, realizado em parceria com o Estúdio Claudia Moreira Salles, Estúdio Buriti e Tintas Coral. Outros mobiliários foram desenhados pela própria arquiteta, alguns deles executados em parceria com a Oficina 64, sempre pensando nos desafios das casas de comunidades, com pouco espaço e distribuições difíceis.

Na Galeria Origami CASACOR espaço projetado pela GDL Arquitetura, o visitante encontra exposição e comercialização de aproximadamente 35 gravuras de nomes renomados como: Iberê Camargo, Amílcar de Castro, Tomie Ohtake, Rubem Valentim e Glauco Rodrigues.

As peças estão expostas de forma rotativa com mudanças em duas fases, que acontecem nos meses de junho e julho, respectivamente. A curadoria será de Cézar Prestes e todas as obras dos artistas da Galeria Origami estão à venda durante todo o período da mostra, com parte das vendas revertida para o Instituto Tomie Ohtake e o Instituto Rubem Valentim.
Os interessados podem realizar a compra e buscar por mais informações no próprio espaço. Os valores são a partir de R$ 6 mil, podendo chegar até R$100 mil.

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