Madonna e Beyoncé acreditaram. Lady Gaga, Andra Day, Mary J. Blige, Bette Midler, Diana Ross, Doris Day e Judy Garland chegaram perto, porém, até o momento, Julie Andrews, Barbra Streisand, Liza Minnelli, Cher e Jennifer Hudson são as únicas cantoras que ganham o Oscar (as quatro primeiras como Melhor Atriz e a última como Atriz Coadjuvante).
Cynthia Erivo tem boas chances de entrar nesta lista. Indicada ao Globo de Ouro 2025 como Melhor Atriz de Comédia ou Musical por “Wicked”, também concorreu no Oscar 2020 como Melhor Atriz por “Harriet” (também estava no páreo pela composição da canção “Stand Up” do mesmo filme). Perdeu para Renée Zellweger pela imitação de Judy Garland em “Judy: Muito Além do Arco-Íris”.

Por outro papel no mesmo “Wicked”, a diva pop Ariana Grande concorre como Melhor Atriz Coadjuvante no Globo de Ouro 2025.

Cynthia Erivo @ divulgaçãoExistem atrizes que sabem cantar, porém, são poucas as cantoras que também sabem atuar. São diferentes campos de atuação. Por mais que a cantora conheça todas as regras do seu ofício, representar outra personagem, que não seja si mesmo, é bem difícil.
Construir uma imagem de mulher empoderada, ambiciosa e dona do próprio nariz é o ABC da cartilha da Estrela Pop, porém, demora alguns anos para uma boa cantora se transformar numa Diva (e nem todas conseguem). Atingir tamanho patamar artístico envolve um tempo de maturação. Mesmo assim, acreditar que, estando no topo da indústria musical seja o passaporte para o cinematográfico, é todo um processo.
Quanto mais a persona artística esteja consolidada, mas difícil se torna convencer uma plateia de que ela “não está se auto interpretando”.

Muita gente acusou Lady Gaga pelo fracasso de bilheteria de “Coringa: Delírio a Dois”, porém, foi uma injustiça. O filme tinha uma sucessão de problemas – principalmente no conceito da sua realização, na elaboração do roteiro e na fundamentalmente na catastrófica direção de Todd Phillips. Era um projeto que desde o anúncio era visto com desconfiança. Infelizmente tudo se comprovou. Lady Gaga fez o que pode. Nem uma atriz mais experimente se salvaria do caos desta produção.

And the Oscar goes to…

Julie Andrews, Barbra Streisand, Liza Minnelli, Cher e Jennifer Hudson quebram esta barreira. Curiosamente, somente Cher não precisou cantar para compor uma personagem que ganharia o Oscar.

Na comédia romântica, “Feitiço do Tempo” (1987), ela interpretou uma contadora viúva do Brooklyn que fica numa situação delicada quando se apaixona pelo irmão do homem com quem aceitou se casar, que era melhor amigo do seu falecido marido. Quatro anos antes, ela foi indicada como Melhor Atriz Coadjuvante por “Silkwood, Retrato de uma Coragem”.

As outras, porém, foram premiadas por papéis nos quais também cantam. Julie foi a babá com poderes mágicos do musical “Mary Poppins” (1964);

Barbra interpretou a cantora Fanny Brice, estrela do teatro da Broadway, que vivia um tumultuado relacionamento com seu empresário em “Funny Girl: a Garota Genial (1968);

Liza foi a cantora estadunidense que faz sucesso na boate alemã Kit Kat Club no momento da ascensão do nazismo em “Cabaret” (1972);

Jennifer fez a cantora mais talentosa (e temperamental) de um grupo musical, que sente todos os preconceitos de ser colocada de lado em detrimento a vocalista ‘mais magra’, ‘mais bonita’ e ‘melhor aceita pelos brancos” em “Dreamgirls – Em Busca de um Sonho” (2006).

Julie voltou a ser indicada ao Oscar em 1965 por “A Noviça Rebelde/The Sound of Music” e em 1983 por “Victor/Victoria”. Ambos eram filmes musicais e Barbra voltou a ser indicada como Melhor Atriz em “Nosso Amor de Ontem” (1974), venceu como compositora da canção “Evergreen”, no filme “Nasce uma Estrela” (1977) e voltou a ser indicada como produtora em “O Príncipe das Marés” (1992) e compositora da canção “I’ve Finally Found Someone” do filme “O Espelho Tem Duas Faces”.
Liza, Cher e Jennifer não conseguiram repetir o sucesso nas telas pós Oscar.

As “quase” com o Oscar na mão

Lady Gaga ganhou o Oscar como compositora da canção “Shallow” na quarta versão do filme “Nasce Uma Estrela” (2019), que também rendeu uma indicação ao prêmio de Melhor Atriz. Perdeu para Olivia Colman em “A Favorita”. Também foi indicada como compositora das canções “Til It Happens to You” do documentário “The Hunting Ground” (2015) e “Hold My Hand”, do filme “Top Gun: Maverick”.

Em sua estreia nas telas, Andra Day venceu o Globo de Ouro 2021 de Melhor Atriz em Comédia ou Musical papel da cantora Billie Holiday em “Estados Unidos vs. Billie Holiday”. Também foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz. Curiosamente o mesmo papel rendeu uma indicação para Diana Ross em “Lady Sings The Blues”, em 1972. Perdeu justamente para Liza Minnelli por “Cabaret”.
Mary J. Blige recebeu duas indicações ao Oscar, como Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Canção (“Mighty River”) pelo filme “Preso na Lama”, em 2018.
Bette Midler recebeu duas indicações como Melhor Atriz por “A Rosa” (1980) e “Para Eles Com Muito Amor” (1992).

Grande estrela das comédias românticas de 1950, a adorável Doris Day concorreu ao Oscar de Melhor Atriz em 1960 pelo filme “Confidências à Meia-Noite”. Perdeu para Simone Signoret em “Alma em Leilão”.
Porém, o caso mais famoso das ‘quase vencedoras’ pertence a Judy Garland. Estrela do clássico de 1939 “O Mágico de Oz”, venceu uma espécie de “Oscar juvenil”, que nem tinha estatueta. Quase duas décadas depois, voltou a concorrer como Melhor Atriz no Oscar 1955 na segunda versão do filme “Nasce Uma Estrela”.
Como ela tinha acabado de dar a luz ao seu terceiro filho, Joey Luft, a imprensa estava em peso no hospital. Todo mundo acreditava que ela venceria. Perdeu para Grace Kelly por “Amar é Sofrer”. Foi uma grande saia justa.

Ela voltou a ser indicada como Melhor Atriz Coadjuvante pelo papel em “Julgamento em Nuremberg”. Perdeu para Rita Moreno em “Amor, Sublime Amor”.

Nem foram indicadas, mas acreditaram que seriam

Madonna é o caso mais famoso de grande estrela pop que tinha certeza que estaria na corrida pelo Oscar. Aconteceu em 1997. Ela conquistou o papel na versão nas telas do musical da Broadway “Evita”. Dizem que ganhou o papel que seria de Meryl Streep porque escreveu uma longa carta para o diretor Alan Parker afirmando ser capaz de atuar. Bom… Ganhou o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Filme Comédia ou Musical, mas não foi indicada ao Oscar.

Beyoncé foi indicada ao Globo de Ouro pela atuação em “Dreamgirls: Em Busca de um Sonho”. Perdeu para Meryl Streep por “O Diabo Veste Prada”. Não foi indicada ao Oscar.
No Oscar 2023, concorreu pela composição na canção “Be Alive” do filme “King Richards: Criando Campeãs”. Perdeu para Billie Eilish e Finneas O’Connell por ‘No Time to Die” do filme “007 – Sem Tempo para Morrer”.