As canções que ficaram em primeiro lugar na Billboard 100 de 2025

O ano de 2025 encerra seu ciclo como um período de quebra de recordes e transformações profundas na Billboard Hot 100. Marcado pelo domínio de colaborações estelares e o surgimento de fenômenos vindos do cinema e das redes sociais, o gráfico mais importante da música global apresentou uma rotatividade que misturou veteranos consagrados e novas forças da indústria.

Mariah Carey 2025 MTV Video Music Awards @ Arturo Holmes/Getty Images

O ciclo anual teve início sob o tradicional domínio de Mariah Carey, cuja canção “All I Want for Christmas Is You” (lançada em 1994) abriu o caminho para um ano de diversidade sonora. Logo em seguida, a balada “Die With A Smile”, fruto da parceria entre Lady Gaga e Bruno Mars, assumiu a liderança. Esta colaboração não apenas dominou os meses de janeiro e fevereiro, como também foi coroada como a música número um do ano no balanço final da revista.

O gênero hip hop manteve sua força durante o primeiro semestre com Travis Scott e a faixa 4×4, além do retorno triunfante de Kendrick Lamar ao topo. O rapper californiano alcançou o ápice novamente com “Not Like Us” e estabeleceu uma residência prolongada na primeira posição com a canção “Luther”, realizada em parceria com SZA. Esta última colaboração permaneceu como a trilha sonora dominante nas rádios e plataformas de streaming entre os meses de março e maio.

A transição para o verão estadunidense trouxe o sucesso de Morgan Wallen e Tate McRae com “What I Want”, seguidos pelo impacto cultural de Sabrina Carpenter com “Manchild”. O período também foi marcado pela ascensão de Alex Warren através do hit viral “Ordinary”, que se manteve no topo entre junho e julho.

Um dos destaques inesperados de 2025 foi a canção “Golden” do grupo HUNTR/X, parte da trilha sonora da animação “Guerreiras do K-Pop”. A faixa segurou a primeira posição por oito semanas consecutivas entre agosto e outubro, tornando-se um dos maiores sucessos comerciais de um grupo feminino na história recente da parada.

Taylor Swift em The Fate of Ophelia @ divulgação

A reta final do ano foi protagonizada por Taylor Swift com o lançamento de “The Fate of Ophelia”, que dominou o outono antes de Mariah Carey retornar para encerrar o calendário.

Com a última atualização de dezembro, Carey atingiu 21semanas acumuladas na liderança com seu clássico natalino, recuperando o recorde absoluto de maior permanência no topo em todos os tempos e encerrando 2025 como o ano em que a história da música foi reescrita.

O que isso significa?

O encerramento do ano de 2025 traz à tona um debate sobre a precisão e a ética por trás das mudanças algorítmicas implementadas pela Billboard e pelas gigantes do streaming. Pesquisadores em ciência de dados e sociologia da música questionam se o topo das paradas atuais reflete de fato a vontade orgânica das massas ou se é o resultado de uma engenharia de consumo preditiva.
Um olhar mais atento revela que as alterações de algoritmo introduzidas este ano priorizaram o chamado engajamento de alta fidelidade, um sistema que tenta distinguir o ouvinte casual do fã fervoroso, mas que acaba por distorcer a realidade do alcance cultural de uma obra.
A grande crítica acadêmica recai sobre a opacidade dos critérios de ponderação. Em 2025, a Billboard aumentou o peso das reproduções vindas de contas pagas em detrimento das versões gratuitas, sob a justificativa de combater fazendas de cliques e perfis automatizados. No entanto, sociólogos apontam que essa medida cria um viés censitário (sistema eleitoral histórico em que o direito de votar ou ser votado dependia de um nível mínimo de renda ou propriedade) na cultura pop, onde o gosto das classes economicamente privilegiadas possui maior poder de voto na definição do que é considerado sucesso nacional.
Esse fenômeno levanta dúvidas sobre a correção estatística dos gráficos, uma vez que a democratização digital parece retroceder em favor de uma hierarquia financeira de consumo.

Um ponto de ruptura identificado na análise de 2025 é o impacto da IA na recomendação de faixas. Os algoritmos de descoberta, que alimentam os dados da Hot 100, passaram a favorecer canções com características acústicas padronizadas, projetadas para evitar o “pular de faixa”. Isso resultou em uma estabilidade artificial no topo da parada, onde músicas como “Die With A Smile” e “Golden” mantiveram posições de liderança por períodos prolongados não apenas pela demanda ativa, mas pela inserção passiva em playlists automáticas de alta retenção.
Acadêmicos denominam este processo de passividade induzida, sugerindo que as paradas de 2025 medem mais a eficiência do design de interface do que o impacto emocional da música.
Além disso, a investigação sobre a integridade dos dados revela que as mudanças algorítmicas falharam em neutralizar o poder dos fandoms organizados, que aprenderam a mimetizar o comportamento humano para burlar as novas defesas contra o streaming artificial.
A análise conclui que a Billboard Hot 100 de 2025 enfrenta uma crise de identidade entre ser um registro histórico de vendas ou um simulacro de popularidade digital. A correção dessas métricas exigiria uma transparência absoluta sobre os pesos de cada plataforma, algo que a indústria ainda resiste em implementar sob o pretexto de segredo comercial, mantendo o público e os artistas em um estado de incerteza sobre o que realmente constitui um hit no XXI.

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