Responda rápido: gorda também é elegante?

Beth Ditto, a musa gorda e sexy

Ainda bem que existem mulheres famosas, especialmente do mundo da música, que estão mostrando que não é preciso ser magra para ser elegante. Afinal de contas: gorda também é elegante?
Beth Ditto, vocalista da banda The Gossip, virou uma referência quando se pensa em GORDAS elegantes. Seu corpo – com muitos quilos acima do padrão – esteve em dezenas de publicações, inclusive de moda, inclusive assumindo sua nudez – para desconforto dos mais radicais. Outro nome de peso é a cantora inglesa Adele. Ela chamou a atenção n
o Grammy de 2009, quando, produzida por Anna Wintour, foi eleita uma das mais elegantes da festa da música americana. Na ocasião, ela usou vestido preto com cintura marcada, meia preta opaca, sapato preto e… Um casaco jade que deu um choque na neutralidade do tom escuro. O grande acerto foi entender o corpo da cantora e trabalhar a seu favor.
Além do universo da música, no cinema e televisão americanas, outras gordas que se destacam são Nikki Bronky (Hairspray), Queen Latifah (As Férias da Minha Vida), Kathy Bates (Louca Obsessão),  Camryn Manhein (Ghost Whisperer) e a unipresente Oprah Winfrey.

Adele no Grammy 2009

Auto-estima
Num dia destes, enquanto aguardava a chegada de uma amiga, me sentei no Havana Café e comecei a observar o corredor. Não acreditei a quantidade de gordas (sim, tem que falar ‘GORDA’ – pois, ‘gordinha’, ‘fofinha’, ‘cheinha’ ou ‘grandinha resvalam para o pejorativo) usando tênis, camiseta e calça fuseau. Precisa?

Eu me senti num túnel do tempo, direto dos anos 80, quando Jennifer Beals eternizou esta combinação no filme ‘Flashdance’. Mas, espera aí! Isto foi em 1983!
Roupa confortável é uma coisa que não tem nada a ver com tênis, camiseta e calça fuseau. Esta combinação é feia tanto para gorda, quanto para magra, pois claramente parece roupa de gente ‘preguiçosa’, que pegou a primeira peça que ‘serve’ do guarda-roupa e ‘jogou’ no corpo. Entenda: o ritual de se vestir toda manhã precisa ser encarado como um mantra em nome de sua auto-estima! E fuseau é o primeiro sabotador desta ideia.
Entendo que muitas mulheres GORDAS sofrem baixa auto-estima. Elas são bombardeadas a todo o momento. Todas as publicações femininas são voltadas para a mulher magra. A publicidade vende a ilusão que ser magra é ser feliz. A indústria dos cosméticos nem sabe que a gorda existe. E a indústria da moda – como um reflexo da roupa no contexto histórico da humanidade – absorve estes valores e, com raríssimas exceções, só enxerga a mulher magra.
A estrela de cinema Nikki Bronsky

Inimigas

Mas, eleger as publicações de moda como as vilãs é incorreto: você realmente acredita que se as publicações de moda começarem a colocar gordas em seus editoriais, continuarão a existir? De jeito nenhum. Mulher quer ver MAGRAS nas publicações, pois, já está tão embutido na sua cabeça que elegância tem a ver com magreza, que elas nem pensar ao contrário!
Desde pequena, seus referências de beleza são mulheres irreais, aquelas que acordam maquiagem, penteadas, bem-vestidas, perfumadas e MAGRAS. Como se a mulher ideal fosse a boneca Barbie, que vive produzida em todos os momentos do dia, não importa que tipo de vida que tenha, se é casada, com filhos, trabalha fora de casa, leva o cachorro para passear e ainda frequenta cinco coquetéis semanais com a mesma disposição.
Entenda: a primeira inimiga da GORDA é a própria mulher. Elas são as primeiras a detonar todas que estão fora dos padrões. Sem a menor piedade, elas não suportam ver mulheres que não fazem dietas, que não se matam em academias de ginástica, que não passam cinco horas por dia no salão de beleza ou que não gastam horrores para a cada seis meses fazer um Detox! 
E.. E elas não suportaram ver GORDAS em publicações de moda, por que os criadores de moda vão correr contra a maré?
A indicada ao Oscar Gabourey Sidibe

Estilistas

A moda é um reflexo do tempo e da história. Se o padrão de desejo da mulher é ser magra – e isto já faz longos anos, como alguém ousaria pensar diferente?
Nunca me esqueço de uma afirmação feita pelo estilista André Lima no programa GNT Fashion, em outubro/2006. Segundo o próprio, ele faz roupas para mulheres magras e não para “gordas”, pois elas não são suas clientes! Bom… Com este raciocínio, nunca serão, né?
Por outro lado, começam a surgir reações a este pensamento conformista. 
Nathalie Rykiel – estilista francesa que dirige a empresa fundada por sua mãe, Sonia Rykiel – afirmou para o jornal Le Monde viver que, como mulher da moda sabe que o corpo magro realça a roupa, mas como mãe de família, acha deplorável este culto a magreza, que pode levar a “anoxeria”. Conclui afirmando que a solução seria ensinar as garotas a discernir sobre estes padrões.
Uma coisa é admirar. A outra é querer copiar.
Gueto
Porém, de prático, pouca coisa aconteceu.
Nos últimos anos, surgiram modelos Plus Size (a termo americano equivalente ao ‘gordinha’), marcas que faziam roupas para este público começaram a melhorar seus produtos (pois, com raríssimas exceções, eram muito malfeitas) e eventos de moda descobriram um filão.
O que me incomoda é uma sensação de guetização.
Modelos só fazem campanhas para marcas do segmento. As marcas são inexpressivas. A maioria das roupas continuam feias, sem se preocupam com modelagem, corte, acabamento, cartela de cores e padronagem. Parece que o molde para as roupas são as barracas de camping. E os eventos são direcionados ao público GORDO.
A coisa mudará de figura, quando:
1. Um marca de expressão convidar uma GORDA (mas GORDA mesmo, não a Crystal Renn, que chegou a fazer Chanel, mas, depois começou a emagrecer e hoje virou ‘mais uma’) para estrelar sua campanha – independente de ser voltada ou não para este público;
2. Lojas de expressão começaram a trabalhar com numeração acima do G;
3. Surgirem marcas que não vendem ‘roupa para o culto ou para a quermesse’ nos nos grandes shoppings;
4. Uma marca para GORDAS ‘quebrar a barreira’ e desfilar num evento de grande porte, como SPFW ou Fashion Rio, mostrando sua coleção para o grande público.
Até lá, desconfio de tudo o que surge e fica restrito ao universo de um público que é tratado como se vivesse nas sombras ou nos becos escuros das grandes cidades, que só sai com roupa preta, calça fuseau, camiseta larga e tênis branco!
(Texto reeditado do original escrito em Outubro/2009)

6 comentários sobre “Responda rápido: gorda também é elegante?

  1. O que realmente importa, não é a pte externa da pessoa e sim o q ela é por dentro. A beleza interior é tudo.
    Muito bom! Bjus!!

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  2. Durante anos não só aqui no Brasil como em váriospaísesdo Mundo lutaram-se contra as ditaduras Militares. Perderam-se vidas destruiíram-se famílias, perderam-se grandes artistas, autores, escritores, jornalista, professores, enfim tudo o quesopossa imaginar.
    Hojesomosobrigados a lutar contra uma nova ditadura,a da beleza, a beleza impostas poralguns, que em cima disso ganham milhões,osquais não nempossíveis deserem calculados.
    Ninguém se preocupa com a saúde,várias meninbas jámorreram devido ao excesso deregime.Ninguém estáfazendo apologia a gordura, mas não aditadura da magreza.
    Gostariadeque alguém me respondesse.
    Brigada.

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  3. claro que sim minha esposa euma gordinha sexy pra caramba tenho o maior orgulho dela nao tem essa de ser gorda nao sao todas iguais a qualquer mulher ainda mais sao mais gostosas um bj a todas gordinhas lindas

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