Livro desvenda os mistérios da ‘moda, sexo e poder’

O poder de um prosaico objeto desperta fantasias e paixões. As fronteiras entre o proibido e o desejável , entre o normal e o pervertido. O momento em que o escondido passa a ser não só público, como exibido e banal.
Estes são os caminhos pelos quais a historiadora Valerie Steele envereda no livro Fetiche: moda, sexo e poder, lançado pela Editora Rocco em 2009.
Quatro anos depois de seu lançamento, ela continua mais atual do que nunca. O ponto de partida da pesquisa de Steele, um prolongamento de seus estudos anteriores sobre a moda parisiense e as relações entre gênero e roupas, é a moda como expressão simbólica do sexo. E que espaço melhor para observar isso do que o dos objetos de fetiche com sua infinidade de significados?
Contando com detalhes a história do espartilho, dos sapatos altos, das meias finas, da lingerie, das roupas de couro e dos uniformes, o livro de Valerie Steele me lembrou as campanhas de Tom Ford e das revistas Vogue Homme, Tush e Geil.
Abusando da imagem homoerótica e com forte conotação sexual, as imagens beiram a pornografia. Mas, quem irá acusar Tom Ford de pornográfico?
O pensamento comum é: enquanto o erótico insinua, o pornográfico revela. Em detalhes. Por outro lado, enquanto o erótico é aceito (vide profusão de imagens de mulheres e homens seminus desfilando nas ruas durante o carnaval), o pornográfico é desprezado e relegado ao submundo.
No Brasil, imagens com forte conotação sexual são recorrentes, principalmente no Carnaval – festa o qual o permissivo é o cartão de visitas. Estas imagens são tão fortes, que, pouca gente se incomoda. Contudo, coloca uma atriz global de peito de fora na novela das nove para ver o que acontece? 
O erotismo seria o sonho. A pornografia, por outro lado, seria real. Contudo… Ninguém quer ver (pelo menos, em público)!