Artigo assinado pelo Editor do MONDO MODA Jorge Marcelo Oliveira

“Querido Diário,
Depois da morte de minha mãe em dezembro do ano passado, comecei 2016 em luto. Foi um processo muito pessoal. Foram meses se equilibrando entre a tristeza, a solidão e o questionamento sobre a morte.
No meio disso, meu aniversário em fevereiro reuniu pessoas queridas que foram me cumprimentar. Pode acreditar: isto ajudou na minha recuperação. Boas vibrações são ótimos remédios.
Quando pensei que tinha superado, eis que, em abril, descubro que continuava triste. Pior: demorei alguns dias para entender e aceitar minha fragilidade. Em seguida, descobri que estava com dengue. Poucos entenderão o que é ficar doente e sozinho, dividindo a companhia com três cachorros que precisam de sua atenção.
Depois daquele momento, tomei a melhor decisão de 2016: não quero entrar em qualquer polêmica em rede social. E muito menos, brigar. De nenhum tipo. Mesmo quando lia a quantidade absurda de cretinice nível HARD, principalmente no Facebook, eu fazia o exercício de ABSTRAÇÃO.
E nesse ano, meus amigos, com raras exceções, o ser humano revelou uma grau de ignorância tão grande que chegou a me assustar. Todo mundo teve uma opinião sobre tudo, principalmente no campo político e econômico.
Para embasar minha decisão, uma amiga perguntou: “Você está ganhando para dar opinião?”. Respondi que não. Ela completou: “Se não está ganhando, por quê dar opinião de graça?”. Pois é… Este foi meu mantra em 2016.
Claro que teve momentos que não resisti – inclusive hoje mesmo resolvi comentar uma cretinice compartilhada no FB. Como fui mal compreendido, rapidamente apaguei meu comentário.
Emitir opinião sobre tudo é muito fácil. Difícil é se informar melhor sobre um determinado assunto. Ler um livro de filosofia de 500 páginas. Assistir cinco filmes de Krzysztof Kieślowski – e entender cada um deles. Fazer maratona da série Westworld com o máximo de atenção. Ouvir três horas de música erudita do período clássico e acertar cada instrumento tocado. Ouvir Ópera e saber separar as vozes de Tenor, Barítono, Baixo, Soprano, Mezzo-Soprano e Contralto. Fazer um trabalho voluntário. Fazer doações anônimas. Respeitar pais, avós e professores. Passar um dia no trabalho sem se envolver numa fofoca… São testes muito difíceis de realizar.
Vivemos numa sociedade que valoriza o imediatismo. Tudo é para ontem. O caminho mais fácil é sedutor. Automaticamente, surge o pré-julgamento. Ele é tão terrível que tem pessoas que gastam seu tempo criticando quem se veste ‘mal’ no supermercado. Já ouvi comentários assim: ‘Que mau-gosto!’. ‘Deve ser solteira e morar sozinha!’. Ou ‘Esta pessoa não tem porteiro nem espelho na recepção do prédio!’. A roupa é um dos instrumentos da moda, assim como a Decoração, a Arquitetura, as Artes Plásticas, o Designer, a Gastronomia, os lugares turísticos, o comportamento, etc. Sendo assim, não é possível dizer se isto é de bom ou mau gosto. É uma opinião subjetiva.
Enfim… Como disse, respeitar o outro é um exercício constante. Seja nos pequenos ou grandes gestos. É muito difícil. Ainda não consegui e acredito que nem consiga nessa vida, mas, pelo menos estou tentando!”

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