O estilista japonês Issey Miyake morreu aos 84 anos devido a um câncer no fígado na sexta-feira (4), mas sua morte só foi anunciada nesta terça-feira (9) pela imprensa japonesa.

Autodenominando-se designer de roupas, Issey Miyake explorou maneiras com as quais fazer peças que permitiram àquele que usa maior individualidade, conforto e liberdade.

Ele ficou conhecido por trabalhar com uma técnica de plissado – criada pelo próprio – e por ser um mestre do mix and matching – combinação de listras, estampas e cores com perfeição.

Movido por uma incansável curiosidade, Miyake procurou redefinir a relação entre a roupa e o corpo, fazendo criações com técnicas que incorporaram a tradição bem como a tecnologia mais recente.

“Curiosidade e felicidade estão no cerne de meu trabalho. O design nunca é estático, mas só é possível após constantes trocas de ideias, estética e sensibilidades. As roupas não interessam exceto na medida em que provoquem sentimentos e reações naqueles que as usam. Eu crio, não para expressar meu ego ou personalidade, mas para tentar trazer respostas a aqueles que estão se perguntando sobre nossa era e como deveríamos viver nela.” afirmou o criador.
Nascido em Hiroshima, Japão em 1938, após estudar em Paris e Nova York, em 1970, Miyake retornou a Tóquio, onde estabeleceu o estúdio de design.

Em 1973, apresentou sua primeira coleção em Nova York. Desde, então, apresentou todas as coleções subsequentes em Paris.

No coração das roupas de Miyake fazer filosofia era ideia de criar uma vestimenta de “uma peça de tecido”; e a exploração do espaço entre o corpo humano e o tecido que o cobre.

Seu enfoque ao design era manter um equilíbrio consistente entre a tradição e a inovação: feito à mão e nova tecnologia.

DOBRAS POR FAVOR, que nasceu em 1993, é uma forma radical, mas eminentemente prática de roupa contemporânea: combinando a técnica milenar de envolver uma figura tri-dimensional com material bi-dimensional usando dobras, com nova tecnologia, funcionalidade e beleza.

Em 1998, Miyake retornou a seu amor original por pesquisa e exploração, embarcando num novo projeto com o colaborador Dai Fujiwara, chamado A-POC (Uma Peça de Tecido).

Através de exploração das possibilidades entre criatividade e tecnologia digital Miyake desafiou as maneiras tradicionais com as quais fazemos as coisas.

Ele acreditava que a resposta ao futuro da confecção de roupas estava em A-POC: uma viagem que começava com uma única peça de linha, que criava tecido, textura e uma vestimenta completamente terminada, ou seus componentes em um único processo, ao terminar.

Independentemente da época, a roupa de Miyake sempre foi única e não estava completa até que o usuário a coloque em seu corpo.

Em fevereiro de 2004, Miyake estabeleceu a Fundação Miyake Issey cujos objetivos eram preservar o arquivo existente, além de apoiar e desenvolver jovens artistas e seus trabalhos.

Desde 2007, a Fundação criou o Museu 21_21 DESIGNS SIGHT assim preenchendo o sonho de Miyake de trazer um espaço devotado ao cultivo de todos os meios de design, ao Japão. O projeto tem assinatura do arquiteto Tadao Ando.


Suas roupas são consideradas as mais ‘usáveis’, dentre as criações dos mestres japoneses.

O suéter simples de gola alta usado pelo empresário Steve Jobs se tornou uma peça muito popular na década de 2000.

Miyake recebeu inúmeros prêmios, incluindo:
1993 Chevalier de L’Ordre National de la Legion d’Honneur, do governo Francês
1998 Bunka Kourousha, a Pessoa de Méritos Culturais, do governo Japonês
2004 O 11º Prêmio Wexner do Wexner Center, Ohio State University
2005 The Praemium Imperiale Sculpture Prize da Associação de Arte do Japão
2006 O 22º Prêmio, na categoria de Artes e Filosofia.
Sua linha de fragrâncias tem reconhecimento internacional.

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