Globo de Ouro 2023 voltará a ser exibido na TV com novas categorias

Depois das polêmicas dos últimos anos, o Globo de Ouro voltará a ser transmitido pela rede americana NBC em 10 de janeiro de 2023, informou a Associação dos Correspondentes Estrangeiros de Hollywood (HFPA, em inglês). A 80ª edição do evento ocorrerá no hotel Beverly Hilton, em Los Angeles, às 17h de Los Angeles (21h do Brasil). O anúncio dos indicados será na segunda-feira, 12 de dezembro.
Diferentemente de outras edições, realizadas no domingo, esta será em uma terça-feira. De acordo com a NBC, a data foi escolhida devido aos jogos de futebol americano no domingo do dia 8 e ao campeonato de basquete universitário na segunda, dia 9.

Glenn Close premiada como Melhor Atriz Dramática (A Esposa) no Globo de Ouro 2019 @ Paul Drinkwater/NBC Universal/Handout via REUTERS

Segundo o site da revista Variety, a NBC se recusou a comentar os termos do acordo, incluindo se houve um desconto na taxa de licença de US$ 60 milhões do programa, contudo, está claro que uma renegociação ocorreu, diz a Variety, já que o novo acordo da NBC com o Globo de Ouro é de apenas um ano, que permite aos organizadores “explorar novas oportunidades de distribuição doméstica e global em uma variedade de plataformas no futuro”.

Phoebe Waller-Bridge no Globo de Ouro 2020 @ Trae Patton/NBC/NBCU Photo Bank via Getty Images)

Segunda premiação mais importante de Hollywood – criada em 1944, os vencedores são escolhidos por um grupo formado pela imprensa estrangeira — diferentemente do Oscar, definido por personalidades da indústria.
A 80ª edição também terá um desmembramento da categoria de coadjuvantes em TV. Até então, atores e atrizes com trabalhos em Séries Musical/Comédia, Drama, Série Limitada/Antológica ou Filme Feito para TV eram colocados juntos. Foram separados em Atores Coadjuvantes em Série Musical/Comédia oui Drama E Atores Coadjuvantes em Série Limitada/Antológica ou Filme Feito para TV.

Polêmicas

Desde fevereiro de 2021, o Globo de Ouro vem sendo alvo de críticas após uma reportagem do Los Angeles Times afirmar que não havia jurados negros entre os 87 membros da HFPA. O jornal também denunciou que 30 jurados haviam ganhado, em 2019, uma viagem de luxo para o set da série “Emily em Paris”, indicada posteriormente para duas estatuetas. Em abril, um novo escândalo: o ex-presidente da associação, Philip Berk, foi demitido após compartilhar em e-mail um artigo que se referia ao Black Lives Matter como “movimento de ódio racista”.

Awkwafina no Globo de Ouro 2020 @ Kevork Djansezian/NBC/NBCU Photo Bank via Getty Images)

As reações às denúncias foram imediata. A Netflix é uma das instituições que liderou o boicote à premiação e se recusou a participar do evento enquanto mudanças efetivas não fossem tomadas. Outros grandes estúdios, como Amazon e Warner, e celebridades fazem coro.
Scarlett Johansson e Mark Ruffalo criticaram publicamente o que consideraram sexismo e exclusão na Associação, enquanto Tom Cruise devolveu seus três troféus recebidos.
A comissão admitiu a falta de pessoas negras e, em maio passado anunciou que contrataria um diretor de diversidade para ajudar a incluir novos membros. A rede de TV NBC, emissora do evento, recebeu bem o plano, mas apontou que “mudanças dessa magnitude exigem tempo e trabalho”, e que o programa poderia ser transmitido em 2023 a depender do andar da carruagem.

Integrante da HFPA desde 1989, a jornalista Ana Maria Bahiana discorda da crítica à falta de diversidade no comitê, e reforça que o grupo é formado por representantes de vários países, como Brasil, Egito, China e África do Sul. Em janeiro de 2022, ela declarou ao GLOBO:

“A Associação é apedrejada desde que nasceu. Há uma espécie de guerra pela dominação da indústria, e sempre rolou atrito com os jornalistas estrangeiros. E lá estamos nós, falando vários idiomas e escrevendo para o mundo todo. Trazemos o olhar de fora, e os saberes dos nossos territórios. Somos porta-vozes entre Hollywood e o resto do mundo. Já passamos por várias “crises”, e essa não será a última”.

Em outubro de 2021, 21 novos membros se juntaram à HFPA, sendo seis negros, e os antigos integrantes terão que passar por um recredenciamento. Já a elegibilidade, que antes se restringia a jornalistas de publicações estrangeiras em Los Angeles, se expandiu para o resto dos Estados Unidos. Além disso, está proibido receber presentes. As mudanças foram bem recebidas pela jornalista brasileira, que considera que a Associação está mais organizada e atual.
(Fonte: O Globo)