Um dos nomes mais expressivos da moda nos anos de 1960, o estilista espanhol Paco Rabanne morreu nesta sexta-feira (3) aos 88 anos, informou o grupo matriz de sua marca Puig.
“Paco Rabanne tornou a transgressão magnética. Quem mais poderia induzir as mulheres da moda parisiense a clamar por vestidos feitos de plástico e metal? Quem, senão Paco Rabanne, poderia imaginar uma fragrância chamada Calandre – a palavra significa ‘grelha de automóvel’ – e transformá-la em um ícone da feminilidade moderna?”, disse José Manuel Albesa, presidente da divisão de moda e beleza da Puig. “Aquele espírito radical e rebelde o diferenciava: há apenas um Rabanne. Com o seu falecimento, recordamos mais uma vez a sua enorme influência na moda contemporânea”, continuou ele.
O presidente e CEO da Puig, Marc Puig, também se pronunciou: “Estou profundamente triste com a morte do Sr. Paco Rabanne. Uma personalidade importante na moda, tinha uma visão ousada, revolucionária e provocativa, transmitida através de uma estética única. Ele continuará sendo uma importante fonte de inspiração. Estendo minhas sinceras condolências à sua família e àqueles que o conheceram.”
“Seu espírito rebelde, radical, proporcionou um nome à parte. Há apenas um Rabanne. Sua morte nos recorda novamente de sua enorme influência no design contemporâneo, um espírito que vive na marca que leva o seu nome”, declarou José Manuel Albesa, presidente da divisão de produtos de beleza e perfumaria da Puig.

O grupo iniciou uma colaboração com o estilista em 1968, com um primeiro perfume, Calandre, que fez grande sucesso. Foi o início de um novo sucesso para Rabanne, que havia provocado grande sensação com seus vestidos feitos de chapas de metal ou totalmente de plástico.
“Sua visão era ousada e provocadora”, destaca o comunicado do grupo Puig, que comprou 100% da marca Paco Rabanne em 1986.
Metais e plásticos
Sua mãe era costureira-chefe na maison de Cristóbal Balenciaga em São Sebastião e seu pai era oficial do exército republicano, tendo sido fuzilado pelas forças nacionalistas (franquistas) em 1939. Com isso, sua família se exila na França e instala-se nas cercanias de Morlaix na região da Bretanha.

De 1951 a 1963, estudou arquitetura na Escola Nacional Superior de Belas artes de Paris e desenvolveu talento para criar em diferentes materiais, volumes e espaços. Desenhou acessórios para coleções de alta-costura de marcas como Nina Ricci, Balenciaga, Givenchy e Pierre Cardin, entre outras. Entre 1955 e 1963, desenhou bolsas para Roger Model e sapatos para Charles Jourdan. Também desenvolveu botões e bordados para Balenciaga, Nina Ricci, Pierre Cardin e Givenchy.

Em 1965 criou os primeiros brincos em rhodoïd (plástico semelhante ao celulóide). Em 01 de fevereiro de 1966, apresentou sua primeira coleção-manifesto, com 12 modelos desfilados por amigas descalças no Hotel George V, em Paris, provocando indignação e risos ao ser apresentada à imprensa e compradores.

Acontece que, os vestidos com lâminas de rhodoïd ligadas por argolas de metal caíram nas graças de editoras de moda por seu aspecto futurista. Jornais como o Le Fígaro escreveriam “Ele quer plastificar o mundo!”.

Em seguida sua coleção foi apresentada em Nova York e seus arrojados brincos apareceram na capa da revista Harper’s Bazaar.
Suas próximas criações foram vestidos de papel, borracha e alumínio, mesclando-os com plumas de avestruz e couro fluorescente.


Em 1966, a Elle francesa colocou a cantora Françoise Hardy usado um de seus looks. No ano seguinte, ele vestiu as Bond-Girls do filme de James Bond ‘Casino Royale’.

Ainda em 1967, ele vestiu Audrey Hepburn no filme ‘Um Caminho Para Dois’.
Seu auge aconteceu em 1968 quando Jane Fonda suas criações no icônico filme ‘Barbarella’.
Lançou sapatos, perfumes, óculos, roupas masculinas, bijuterias e outros acessórios, passando a apesentar coleções de roupas de tecido, malha de plástico e metais.
Chanel o chamava, com sarcasmo, de “costureiro metalúrgico”.
Ele tem 116 perfumes registrados em seu nome. A edição mais antiga foi criada em 1969 e a mais recente em 2023. As fragrâncias foram desenvolvidas em colaboração com os perfumistas, como Michel Hy, Robert Gonnon, Olivier Cresp, entre outros.

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