Morre Tina Turner

“Hoje nos despedimos de uma querida amiga que nos deixa sua maior obra: sua música. Toda a nossa sincera compaixão vai para a família dela. Tina, sentiremos muito sua falta”, escreveu comunicado nas redes oficiais de Tina Turner.

A rainha do rock’n’roll morreu aos 83 anos em sua casa em Küsnacht, perto de Zurique, na Suíça. A morte foi confirmada pelo assessor dela nesta quarta-feira (24). A causa da morte foi uma longa batalha com um câncer de intestino.
Dona de nove Grammys, incluindo um Lifetime Achievement Award em 2018,

Ana Mae Bulcok nasceu em Brownsville, Tennessee, área rural próxima a comunidade de Nutbush numa família muito pobre.
Em uma das apresentações, conheceu Ike Turner com a banda The Kings of Rhythm. Anna Mae pediu para ser backing vocal e em pouco tempo se tornou uma das vozes principais. Ike e ela decidiram formar uma dupla e, após se casarem, ela adotou o nome artístico Tina Turner. Ao lado do marido, Tina dominou o cenário da música soul nos anos 60 e 70.

Na vida pessoal, o casamento foi marcado por brigas e escândalos. Alcóolatra e dependente de drogas, Ike culpava Tina pelo declínio da dupla, a agredia, humilhava e traía. Ela apareceu em público diversas vezes com o olho roxo ou com o lábio inchado. Depois de 18 anos, ela se cansou das agressões e decidiu abandonar o marido. Na justiça, propôs abrir mão de todo o patrimônio em troca de poder manter o sobrenome Turner.

Tina recomeçou do zero. Sem dinheiro, morou com uma amiga e abriu shows para outros grupos famosos, como os Bee Gees. Para voltar ao cenário musical, apostou no rock, influenciada pelos Rolling Stones e por David Bowie. Adotou também um novo estilo, com roupas ousadas e cabelos loiros espetados.

Tina Turner and Azzedine Alaïa, Paris, 1989. Dress, Haute Couture 1989. PHOTOGRAPH BY PETER LINDBERGH. COURTESY OF THE PETER LINDBERGH FOUNDATION, PARIS.

Tudo mudou em 1983 quando regravou “Let’s Stay Together”, versão da canção de Al Green de 1972. Entrou nas paradas da Europa e chegou no 6º no Reino Unido. Nos EUA, a canção chegou na 26ª posição na Billboard Hot 100, 1º na Hot Dance Club e na Hot Black Singles.

BRAZIL – RIO DE JANEIRO – 1988: Singer Tina Turner in Rio de Janeiro, Brazil. (Photo by Dave Hogan/Getty Images)

Em 1984, lançou o álbum ‘Private dancer’. O hit ‘Whats love gotta do with it’. Aos 44 anos, Tina vendeu mais de dez milhões de cópias em todo o mundo, ganhou três Grammy (Gravação do Ano, Cantora Pop e Cantora de Rock). É considerada ‘uma das maiores voltas ao sucesso da história do entretenimento dos EUA”.

O título de rainha do rock surgiu aos 45 anos. Ela exibia as belas pernas, cantava e dançava sem perder o fôlego, levando a multidão ao êxtase.
Em 1986, lançou a biografia ‘Eu, Tina: a história da minha vida’, que conta a trajetória profissional e pessoal com o ex-marido, além de revelar as constantes agressões. O livro virou filme em 1993, estrelado por Angela Basset e Laurence Fishburne.
O álbum seguinte foi ‘Break every rule’, com o qual Tina fez a maior turnê de sua carreira. Foram 14 meses viajando. Um show dessa turnê no Brasil entrou para o livro dos recordes: a cantora reuniu nada menos que 184 mil pessoas em uma única apresentação no Maracanã. O show foi transmitido ao vivo para todo o mundo.
No início dos anos 90, lançou a música ‘The Best’, que chegou a ser tema de alguns atletas. Um deles foi Ayrton Senna, que subiu no palco ao lado de Tina durante uma apresentação.
Os trabalhos de Tina Turner não ficaram restritos à música. Ela estrou nos cinemas em 1975 no filme ‘Tommy’. Dez anos depois, fez outro sucesso: ‘Mad Max – Além da cúpula do trovão’. Ela foi responsável também pelo tema do longa-metragem, que dominou as paradas de sucesso. A cantora gravou a trilha de muitas outras produções, incluindo ‘007 contra Golden Eye’.

O sucesso da música fez com que Tina Turner, então com 56 anos, lançasse um novo álbum, ‘Wildest dreams’. No fim da década de 90, lançou o nono álbum da carreira solo e anunciou a aposentadoria dos palcos. ‘Twenty four seven’ teve apenas dois hits, mas o clima de despedida atraiu milhões para os shows.
Em 2008, para marcar os 50 anos dos prêmios Grammy, fez uma apresentação histórica. Além de cantar seus grandes sucessos, fez um dueto com a cantora pop Beyoncé.
Aos 73 anos, Tina Turner superou Meryl Streep e foi a mulher mais velha a estampar a capa da revista Vogue. A cantora vive há duas décadas com o marido, Erwin Bach, na Suíça. No ano passado, renunciou à cidadania americana e ganhou nacionalidade suíça.
Tina Turner foi uma das grandes divas da música. Inimitável. Única. Marcante.