A Herança Cultural apresentou na SP-Arte uma seleção refinada que transpõe as fronteiras entre o passado e o moderno, evidenciando o valor singular de cada peça. O espaço converteu-se numa galeria efêmera, pautada por um olhar atento à originalidade, à materialidade e ao diálogo que cada mobiliário estabelece com o tempo.

O ponto de partida foi a estrutura da icônica Poltrona Mole de Sérgio Rodrigues, apresentada em seu estado original, intocada pelo restauro. Este exemplar sublinha a força expressiva da originalidade que preserva as marcas do uso e do tempo.

Herança Cultural trouxe também conjunto de mobiliário desenhado sob medida para uma residência particular projeta por Jorge Zalszupin em 1955, ilustrando magistralmente o papel do design como extensão da arquitetura.

A poltrona M-127, projetada por Percival Lafer em 1973, traduz em sua estrutura de madeira um equilíbrio primoroso entre linhas retas e materiais naturais, representando com vigor o espírito modernista brasileiro, sutilmente robusto e ao mesmo tempo sofisticado.

Em primeira exibição na feira, a mesa Vera de Oscar Niemeyer, projetada em 2008, integrante do catálogo oficial de reproduções da galeria em parceria com o Instituto Iadê de arte e design, afirma-se como um elo potente entre o legado modernista e as novas gerações.

Entre os lançamentos da galeria, a mesa de jantar de Rodrigo Silveira que estabelece um embate entre natureza e geometria em mesa redonda onde a madeira catuaba repousa sobre a solidez bruta da pedra seixo.

Complementando este diálogo temporal, Herança Cultural provoca reflexões em torno dos “novos vintage”, ao expor o sofá Boa dos Irmãos Campana, concebido em 2002. Aqui, o recente torna-se histórico, estabelecendo novos parâmetros para o olhar contemporâneo sobre o design brasileiro.


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