Post assinado pela arquiteta @elainecarvalhoarquitetura
Mais do que um evento, a Design Week/ Salone del Mobile.Milano é um reflexo do futuro e revela as tendências que irão influenciar diversas esferas da arquitetura e decoração nos próximos anos.
Em 2025, os temas centrais apostavam na inovação sustentável, inteligência emocional e fabricação industrial com foco em como o design pode moldar o futuro da vida dentro de casa.

Desde o ano passado o Salão está mais enxuto, acontecendo em apenas um andar do pavilhão. Ouvi que a frequência diminuiu substancialmente este ano, principalmente entre os brasileiros. Lembrando que estamos em desvantagem cambial. Para o resto do mundo, crises climáticas, migratórias, guerras, etc.

Costumo visitar apenas os stands de algumas marcas, como a Kartel, sempre imperdível.

Este ano aconteceu The Euroluce International Lighting Forum, a bienal que se alterna com a Eurocucina, que aconteceu no ano passado. Nos meus projetos prezo muito uma boa iluminação. Ela pode levantar ou acabar com um projeto. Adoro ver os lançamentos da Vibia, o stand da marca espanhola.

O “FUORI SALONE” continua o epicentro das reflexões mais provocativas sobre o morar contemporâneo. Entre instalações surpreendentes e criações cheias de significados, tive uma percepção clara: o morar está se transformando.
Hoje mais do que estética, buscamos experiências, as peças contam histórias, carregam memórias e precisam ter uma função. O design caminha para um lugar onde beleza, vitalidade e emoção se encontram.
Enquanto muitas marcas ainda competem por atenção, as gigantes do setor estão criando presença de forma mais profunda e sensorial, experiências imersivas, espaços que inspiram como colaborações improváveis.
O recado está claro: o futuro do luxo não é sobre visibilidade, é sobre valor percebido e experiências que atravessam o tempo.
O design está mais sensorial do que nunca. Ele é experiência. As collabs contam mais que o produto. Marcas uniram moda, arte e gastronomia. O diferencial não está só na cadeira nova, mas na história que ela carrega.
Instalação “La Prima Notte di Quiet” – A marca de moda Loro Piana se une ao estúdio Dimore para apresentar uma experiência imersiva que explora a fronteira entre a realidade e a imaginação cinematográfica. Uma casa de grande elegância, mobiliada com pecas de curadoria da Dimoremilano, juntamente com objetos vintage e obras de arte.





Instalação Hermès – A Maison francesa manteve a tradição e ocupou o mesmo espaço dos últimos anos. Nesta edição, eles criaram um cenário purista de caixas brancas suspensas, cujas sombras projetadas no chão eram em cores vivas. Criada pela arquiteta e diretora artística das coleções home da Hermès, Charlotte Macaux Perelman, a exposição destacou os objetos claro que nos aproxima pela “imaterialidade da sua aura, como emoções”.




Instalação Library of Light – Com 18 metros de diâmetro, a estrutura circular composta por estantes iluminadas que continham mais de 2000 livros. Durante o dia, a instalação girava lentamente refletindo a luz do sol sobre as colunas do pátio da Pinacoteca, criando uma dança de luzes e sobras. Além disso, os visitantes podiam caminhar ao redor da instalação, acompanhando uma linha de palavras que se desenrolava continuamente, promovendo uma conexão entre os expectadores e o conteúdo literário. Muito lindo de ver!




Sempre muito difícil escolher quais exposições conhecer, pois visitar tudo é humanamente impossível. Além das filas imensas, os eventos acontecem por toda cidade… Você sempre vai encontrar alguém que conta que visitou uma que era imperdível.
Por isso eu aposto no meu “feeling”, optando naquilo que realmente me emociona e o que eu gosto de ver. A semana é intensa e a cidade inteira respira design. Além dos eventos, uma parada num hotel novo – Casa Brera – decorado por nada menos que a Patricia Urquiola.



Ou visitar a nova loja da Louis Vuitton, que reabriu na Via Montenapoleone, após três anos de renovação com um projeto arquitetônico renovador. Ou caminhar pelo bairro moderno com edifícios incríveis, que, certamente me agrada muito mais do que fica três horas numa fila para ver algo que, talvez, não me diga nada.


O que me deixou sem fôlego? Amei conhecer o Palazzo Ralph Lauren, que foi construído em 1940 e agora a marca transformou num clube de luxo, com espaço para apresentação da coleção Home. Simplesmente incrível.




Outros pontos a destacar
Estilo – Não vi nada diferente dos últimos anos, basicamente não há tendências marcantes. Ou seja, um mix de tudo que a gente já vem acompanhando.
Materiais – Despertou minha atenção os vidros, presentes em tampos de mesas, estantes e bancos, com um aspecto mais martelado e cores incríveis.

Cores – Ano passado, confesso que me chamaram mais atenção. Continuam os tons terrosos, beges, caramelos e roxo. Muitos stands optaram por estas cores. A Flex Form estava inteira nesta paleta com um toque de fibras naturais.

Formas – As orgânicas permanecem fortes tanto no mobiliário como nos tapetes.
Enfim… Assim é a Semana de Design de Milão. Cheia de eventos, encontros e surpresas, que eu adoro!

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