Série ‘Mulher Maravilha’ completa 40 anos

Artigo escrito pelo Publisher Jorge Marcelo Oliveira
Jorge Marcelo Oliveira - Agosto 2012 @ Touché
Jorge Marcelo Oliveira – Agosto 2012 @ Touché

No sábado, 07 de novembro, a primeira – é única bem sucedida – versão para TV da série Mulher Maravilha completou 40 anos. Estrelada pela Miss Mundo 1972, Lynda Carter, o programa teve três temporadas, sendo que a primeira foi produzida pela ABC e as duas últimas pela CBS.

A primeira temporada foi fiel à personagem da DC Comics criada por William Moulton Marston, em 1941. Inventor do polígrafo – o detector de mentiras, William foi um psicólogo americano e teórico feminista, que se inspirou em Olive Charles Byrne, uma mulher que formava um triângulo amoroso com a esposa Elizabeth para criar a heroína mais famosa da concorrente da Marvel. Para escrever as aventuras em quadrinho, ele usou o pseudônimo de Charles Moulton.
Lynda Carter foi a Mulher Maravilha 1975-1977 @ divulgação
Lynda Carter foi a Mulher Maravilha 1975-1977 @ divulgação
Na primeira versão da série, Diana é uma princesa que vive com a mãe e suas irmãs amazonas da Ilha Paraíso (localizada no centro do Triângulo das Bermudas – nos quadrinhos, seu nome é Themyscira), supostamente únicas sobreviventes do patriarcalismo dos gregos da Antigüidade. Graças a Feminum, uma substância mágica que confere força e poderes sobre-humanos, elas são imortais. Durante a Segunda Guerra Mundial, o Major Steve Trevor sofre um acidente após um combate numa aeronave nazista e cai na ilha. Resgatado por Diana, as amazonas descobrem que o mundo externo está em guerra contra o Nazi-Fascismo, o qual ambiciona escravizar a humanidade. A Rainha Hipólita concorda em levar o Major de volta aos EUA ao lado de sua mais forte amazona. Promove uma competição atlética em estilo olímpico e a princesa Diana é a vitoriosa. Assim, a bordo do avião invisível, eles chegam aos EUA no auge de 1942. Com a memória recente apagada, Steve é deixado num hospital e Diana já começa sua luta contra espiões e sabotadores nazistas, que planejam atacar Washington. Assim, o mundo comece sua primeira heroína: a Mulher Maravilha.

Uniforme
Nesta fase, Diana usa o uniforme clássico dos quadrinhos, incluindo o Cinturão do Poder, os Braceletes Protetores e o Laço Mágico Dourado (filho do polígrafo). Também surge o “avião invisível” (que ninguém nunca soube onde fica pousado). Assim como Clark Kent (Superman), a heroína assume a identidade secreta de Diana Prince, a secretária de Steve, com direito ao uso de pesados óculos de grau e o cabelo preso num eterno coque. Ao contrário de Clark, que usa uma cabine telefônica para se ‘transformar’, Diana tem o ‘giro de transformação’. Na primeira temporada, era feita uma fusão de duas imagens da personagem rodopiando. Na segunda, o ‘giro’ ganhou efeitos luminosos (clarão vermelho e azul) e barulhento – como se fosse um trovão. Este último se transformou num fenômeno da cultura pop deste então. Difícil quantificar quantas séries, desenhos e outros programas de TV não o imitaram. E o que dizer da música composta por Charles Fox e letras de Norman Gimbel?
O uniforme da Mulher Maravilha de Lynda Carter @ divulgação
O uniforme da Mulher Maravilha de Lynda Carter @ divulgação
Mudança de emissora
Apesar do sucesso da primeira temporada, o canal ABC não quis renova-la. Assim, a CBS comprou os direitos, mudando o nome para ‘As Novas Aventuras da Mulher Maravilha’, trazendo a personagem para 1977, onde os novos inimigos tinham ligação com a Guerra Fria. Na nova fase, Diana se torna agente secreto da IADC, um braço da CIA e seu superior é Steve Trevor Jr, filho do Major Trevor original. Eles continuam a manter um romance platônico que nunca se torna real. Nesta fase também, fez sucesso o supercomputador falante chamado IRA, que ajuda a conseguir pistas dos criminosos. Além disto, ela ganha novo uniforme com mudanças sutis, mas perceptíveis e ares mais modernos e adultos.
Apesar do sucesso, principalmente com o público infantil, a série teve apenas 47 episódios. O roteiro era irregular, com acertos e erros na mesma medida. Assim, a personagem foi perdendo a graça, principalmente pela forte concorrência com as estrelas de “As Panteras” e a outra heroína da época, ‘A Mulher Biônica’.

A atriz
A carreira de Lynda Carter começa e termina com a Mulher Maravilha. Simplesmente, ela jamais conseguiu repetir o sucesso da personagem. Nascida de uma mistura de ingleses, irlandeses, mexicanos, espanhóis e franceses, ela nasceu em Phoenix, Arizona em 24 de julho de 1953. Foi casada duas vezes, ela tem dois filhos. Além de atriz, é cantora-compositora (no começo dos anos 80, ela participou de um especial de TV mostrando este lado) e ativista.
Em 1972, ganhou os concursos de Miss Arizona e Miss Mundo USA. No concurso internacional, chegou as semi-finais. Fez diversos cursos de interpretação e conseguiu uma participação numa série chamada Nakia, em 1974. Depois apareceu em ‘Starsky and Hutch’, série de grande sucesso na época, além de diversos papéis em filmes B. Quando suas economias estavam acabando, seu agente informou que a atriz Joanna Cassidy (mais conhecida por um papel de replicante Zhora no filme ‘Blade Runner’) na série de TV Mulher Maravilha. Ela fez o teste, passou e virou ícone de quatro gerações.
Em 1978, ela foi eleita ‘A Mulher Mais Bonita do Mundo’ pela Academia Internacional de Beleza e pela associação de imprensa britânica. Neste período, ela também gravou seu primeiro álbum, chamado ‘Portrait’, que contou com algumas composições próprias.
Com o final da série em 1979, Lynda tentou diversas participações em séries e filmes, mas jamais conseguiu destaque. Somente em 2005, com o papel de Mama Morton na produção londrina do musical ‘Chicago’, que ela voltou a mídia. Em março de 2007, saiu em turnê pelos EUA com o musical ‘’An Evening with Lynda Carter’, se apresentando em diversas casas respeitadas de Nova York, São Francisco e Washington. Em junho de 2009, gravou seu segundo álbum ‘At Last’, que ficou entre os 10 mais vendidos na parada de Jazz da Billboard. Em 2011, lançou ‘Crazy Little Things’, um mistura de Standards, country e clássicos pops.
Lynda Carter - Abril 2012 @ JS² Communications
Lynda Carter – Abril 2012 @ JS² Communications
As primeiras heroínas da TV
Antes da série com Lynda Carter, em 1967, a atriz Ellie Wood Walker encarna a personagem num inacreditável piloto de cinco minutos. Tem que ver:

Em 1974, a ABC, em parceria com a Warner, produziu um filme feito para TV sobre a heroína. Produzido por Doulgas S. Cramer, a loira e ex-tenista profissional Cathy Lee Crosby vestiu um uniforme que lembrava um figurino das mulheres da série ‘Jornada nas Estrelas’. Pior: ela não tinha superpoderes – ou seja, fugia completamente do universo dos quadrinhos. Durante um tempo, o filme ficou guardado, mas, para matar a curiosidade, a Warner Collection decidiu lançá-lo. Bota reparro no nível do negócio:

Legado
Apesar de ser a principal personagem feminina do universo da DC Comics, a série animada dos anos 70 continua o único acerto com a personagem. Desde então, ninguém conseguiu. Pelo menos, na TV ou no Cinema.
Em 1996, Ivan Reitman surgiu como diretor de uma versão para o cinema e nomes como Jennifer Aniston e Sandra Bullock surgiram como prováveis novas heroínas. Apesar de ter o apoio da própria Lynda Carter, Sandra, dizem, caiu fora do projeto porque não queria vestir o uniforme.
Em 2005, o diretor Joss Whedon sinalizou interesse em dirigir um projeto da Warner. Não deu certo.
Em 2010, David E. Kelley (responsável por ‘Ally McBeal’ e ‘O Desafio’ – sucessos do começo da década de 2000) escreveu e produziu uma versão para TV estrelada pela loira tingida de morena Adrianne Palicki. O piloto foi massacrado pelos fãs. Fizeram até um vídeo explicando em detalhes os erros na concepção do uniforme.
Mulher Maravilha - Batman v Superman - Dawn of Justice @ Divulgação
Mulher Maravilha – Batman v Superman: Alvorecer pela Justiça @ Divulgação

A maldição do ‘Uniforme’ da Mulher Maravilha, porém, parece que chegará ao fim com a estreia de ‘Batman e Superman: Alvorecer pela Justiça’, filme de Zack Snyder, com estreia prevista para 24 de março de 2016 (Brasil). Ao lado de Henry Cavill (Superman) e Ben Affeck (Batman), a Miss Israel 2004, Gal Gadot terá a difícil tarefa de assumir o lugar de Lynda Carter.

Pelas primeiras imagens e teasers do filme, parece que a coisa vai dar certo. Tanto que ela já está garantida para ganhar um filme solo em 2017, além de participar de ‘Liga da Justiça – Parte 1’, no mesmo ano e ‘Liga da Justiça – Parte 2’, em 2019.
Agora vai. Será?