Representando a ascensão dos Barões de Café e Açúcar, Campinas ganhou o Theatro São Carlos em 1850. Localizado entre as ruas Treze de Maio, Costa Aguiar e Ernesto Khulman, ele foi construído pelo engenheiro prático Francisco Pereira Pires, que reformou a Matriz Velha e da Capela de Santa Cruz, além de vários casarões residenciais na cidade.
O terreno para esse teatro, situado defronte à praça localizada atrás da Matriz Nova (atual Catedral), foi obtido por volta de 1846. O prédio contava com 62 camarotes e 250 lugares na plateia.
A partir de 1867 ele passou por várias reformas. Em 1875 foi introduzida a iluminação a gás. Em 1903, graças a Casa Livro Azul, foi instalado um gerador de energia elétrica.
Segundo trecho do artigo ‘Resgate de obra esquecida de Carlos Gomes’, “(o teatro) funcionava tão precariamente que (Carlos Gomes) sequer (pensaria) em montar uma ópera e as pessoas precisavam levar os assentos de casa para se sentarem nos camarotes”.
Apesar disso, em 04 de abril de 1886, a atriz francesa Sarah Bernhardt se apresentou com a peça ‘A Dama das Camélias’ para uma plateia lotada que pagou preços exorbitantes para assisti-la.
Demolição 1
Com aprovação da maioria dos vereadores, o prefeito Raphael de Andrade Duarte conseguiu aprovação da lei publicada em 5 de setembro de 1921 para demolição do Theatro São Carlos para dar lugar a um prédio maior que passaria a se chamar Teatro Municipal.
A construção teve início em 1924 e se prolongou por seis anos – incluindo várias interrupções nas obras. Com cinco pavimentos, o primeiro era o porão, o segundo, a plateia e as frisas, o terceiro era dedicado aos camarotes e foyers, no quarto os balcões e no último, a galeria.
As escadarias, os corredores, lustres de cristais feito na Boêmia (atual Republica Tcheca) – 13 arandelas e seis lustres – sendo que um deles tinha mais de cinco metros de altura (hoje pertencem à Escola de Cadetes), as paredes adornadas recobertas com pó de ouro se destacavam.
Com capacidade para 1.300 lugares, sua inauguração aconteceu em 10 de setembro de 1930 com apresentação da Companhia Lyrica com a cantora Bidu Sayão na ópera ‘O Guarani’, do compositor Carlos Gomes.
Em 1935, os jornais da época denunciavam o surgimento de problemas estruturais na fundação do prédio, como rachaduras e infiltrações. Apesar disso, o prédio ganhou o nome de Teatro Municipal Carlos Gomes em 1959.
Demolição 2
Aí… Em 1965, baseado em dois laudos técnicos de engenheiro, com apoio da maioria dos vereadores, o prefeito Ruy Novais decidiu demolir o prédio.
Diferentes versões para o fato são dadas em uma série de vinte e dois depoimentos que estão no livro “Fragmentos de uma demolição: História Oral do Teatro Municipal Carlos Gomes”, da escritora Sônia Aparecida Fardin, lançado em 2000.
Na obra, pessoas que participaram da construção do teatro, pedreiros, administradores, atores e cantores, trabalhadores da casa, assim como os técnicos que elaboraram os laudos que designaram as falhas estruturais que condenaram o prédio, contam as variadas estórias do local, colocando as razões de seus posicionamentos, contra ou a favor da demolição do teatro.
Depois da demolição, o local tornou-se um estacionamento.
Na década de 1980 foi construído o prédio que abriga a loja C&A.
(Fonte: Mario Carvalho Matos / Cedoc RAC / Centro de Memória da Unicamp)
Uma resposta para “Você sabia que Campinas demoliu dois teatros?”.
Ê vida…
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