O documentário ‘Clive Davis: Nosso Ritmo’ está na Netflix

Whitney Houston, Leona Lewis, Barry Manilow, Dionne Warwick, Annie Lennox, Kenny G, The Notorious B.I.G., Diddy, Aretha Franklin, Toni Braxton, Air Supply, Ace of Base, The Grateful Dead, TLC, Patti Smith, Janis Joplin, Bruce Springsteen, Santana, Simon & Garfunkel, Chicago, Blood Sweat and Tears, Aerosmith, Sean Combs, Maroon 5, Alicia Keys e Ringo Starr são alguns dos artistas descobertos (ou redescobertos) pelo produtor musical e fundador da Arista Records, Clive Davis, tema do documentário ‘Clive Davis: Nosso Ritmo’, no catálogo da Netflix.

Nos anos de 1960, o advogado Clive Davis foi contratado pela Columbia Records para o Departamento Legal. Cinco anos depois, ele se tornou o Presidente da gravadora. Até aquele momento, a empresa trabalhava com músicas eruditas, trilhas sonoras de musicais da Broadway e cantores românticos, como Andy Williams, Tony Bennett e Barbra Streisand.
Em 1967, ele foi convidado para o Festival de Monterey na Califórnia. Foi seu primeiro contato com a Contracultura!

Ele relembrou o que sentiu quando viu Janis Joplin na banda Big Brother and the The Holding Company: “Mesmo depois de tantos anos, pode parecer um clichê, mas senti um frio na espinha e um tremor nos braços”. Ele entendeu: “Isto não é só uma revolução social. É uma revolução musical!”
Na mesma noite, ele a contratou. Foi sua primeira cliente.

“Vamos pra cama agora?”, indagou Janis, seguindo o protocolo dos anos 1960. Mas Clive não quis misturar as coisas.

O mundo que a Columbia Records representava nos anos de 1960 havia terminado (a ingenuidade, a romantismo e a caretice). Estava bem claro para ele que o futuro seria o rock’n’roll, a pop music, o rap, country, R&B, Hip-Hop, etc.
E assim o documentário relata – pelas palavras de Clive, jornalistas, empresários e artistas – que o cenário da música estadunidense para os próximos 50 anos seria eclético, diverso e muito mais empolgante!
É interessante acompanhar os relatos de Paul Simon (na época da dupla com Art Garfunkel), Bruce Springsteen, Aerosmith, Barry Manilow, Dionne Warwick, Aretha Franklin, entre outros, do que representou o papel do produtor em suas carreiras.

Clive Davis e Whitney Houston na assinatura de seu primeiro contrato em 1993 @ Reprodução

Os melhores momentos cabem à sua descoberta da jovem, talentosa e desconhecida Whitney Houston no início dos anos de 1980, como surgiu seu primeiro single de um álbum que venderia 22 milhões de cópias em todo o mundo, sua passagem pelo filme ‘O Guarda-Costas’ e seu triste final de vida.

Milli Vanili @ divulgação

Nem tudo deu muito certo na trajetória de Clive, lógico. Sem se aprofundar, o documentário cita artistas que ele apostou e não decolaram ou, pior, se tornaram um escândalo internacional, como o Milli Vanili.

Criada na Alemanha em 1988 pelo produtor Frank Farian, a dupla era formada pelo francês Fab Morvan e o germano-estadunidense Rob Pilatus. Abraçados por Clive, os artistas chegaram nos EUA com os pés na porta. Ganharam até o Grammy 1990 de Melhor Novo Artista. Lotaram shows com um grande diferencial: sem cantar uma única nota. Simplesmente eles dublavam vozes de três cantores de estúdio que jamais apareceram: Charles Shaw, Brad Howell e John Davis. Um dia a casa caiu… Eles foram obrigados a devolver o Grammy, se tornaram motivo de piada no mundo todo e… Sumiram!

Também causou curiosidade, a ausência de depoimentos das cantoras Carly Simon e Annie Lennox. A primeira somente aparece em fotos e a segunda num trecho do clipe ‘Why’, single de seu primeiro álbum solo Diva (pós saída do Eurythmics).
Apesar destes fatos (e outros deixados de fora), ‘Clive Davis: Nosso Ritmo’ funciona como uma aula sobre quatro décadas da história da música dos EUA.