O que contar sobre Marilyn Monroe que ainda não foi exaustivamente explorado desde sua polêmica morte em 4 de agosto de 1962? Pois é… Blonde, que acaba de entrar no catálogo da Netflix, tem esta árdua missão.
Baseado nos dois volumosos livros da escritora Joyce Carol Oates, que reinterpretou os 36 anos de vida da estrela da história de Hollywood, que se tornou o maior ícone da cultura pop há seis décadas. Ela misturou fatos e ficção. É exatamente nisso que o diretor australiano Andrew Dominik se baseou.
Sendo assim, primeiro aviso: é importante comprar a proposta para acompanhar as 2h47 de duração do filme com interesse e atenção. Não será fácil, adianto. Porém, se você quiser conhecer uma grande jovem atriz cubana chamada Ana Das Armas, eu sugiro que insista.

Inicialmente, com algum conhecimento da vida da atriz, admito que fiquei me questionando sobre a veracidade do que assistia. Porém, lutando para deixar de lado o que sabia, comprei a ideia.
A trama de ‘Blonde’ começa na infância da menina Norma Jean (Marilyn surgiria muitos anos depois) ao lado da mãe, Gladys Pearl Baker, que sofria de esquizofrenia paranoide, que a levou a ser internada numa clínica psiquiátrica até sua morte. Com isso, a garota foi levada a um orfanato.
Anos depois, com uma bem sucedida carreira como modelo, no qual apareceu em todo tipo de publicação que explorou seu corpo, Norma torna-se uma loira platinada e ensaia sua estreia nas telas.
Antes de assinar seu primeiro contrato, porém, é violentada pelo poderoso Joseph Schenck, um dos donos do estúdio Fox, o outro era Darryl F. Zanuck. Fato que irá atormentá-la pelo resto da vida. Na vida real, Marilyn negou ter sido abusada sexualmente, porém, diversas fontes confirmam este fato.
Consegue seu primeiro papel importante no filme ‘Alma Desesperadas’ ao mesmo tempo em que envolve num trisal com o filho de Charlie Chaplin, Cass e com Eddy G, filho do ator Edward G. Robinson.
Desta relação, engravida. Fato que a deixa muito feliz, entretanto, por pressão do estúdio para protagonizar ‘Os Homens Preferem As Loiras’, faz um aborto. No livro de Norman Mailer ‘Marilyn’, o autor revela que ela abortou 12 vezes, entre casos espontâneos e induzidos.

Depois disso, ela termina com os dois e logo se envolve com o astro do beisebol Joe DiMaggio. Muito ciumento, ele desejava que ela começasse a recusar os papéis que explorassem seu corpo, porém, Marilyn era uma grande estrela de cinema de uma época no qual os estúdios impunham regras nas quais poucos questionavam.
Nas filmagens de ‘O Pecado Mora ao Lado’, depois de rodar a icônica cena do vestido branco em cima do respirador do metrô, ele a espanca no quarto de hotel. Fato: realmente ele era muito violento e segundo contam, agrediu-a diversas vezes.
Um parêntese: ele foi seu segundo marido. O primeiro foi com James Dougherty, num casamento que durou quatro anos. Foi ignorado em ‘Blonde’ em detrimento ao conturbado ano que passou casada com o astro do beisebol.
Decidida a se dedicar ao estudo de arte dramática, ela se muda para Nova York, onde se envolve com o dramaturgo Arthur Miller. Depois do tumultuado divórcio com DiMaggio, ela e Arthur se casaram em 1956. Sofre novo aborto e isso a afeta nas gravações de ‘Quanto Mais Quente Melhor’, no qual tem várias crises emocionais.
Anos depois, envolvida com o Presidente John F. Kennedy, luta para manter sua saúde mental. Morreu na noite de 04 de agosto por intoxicação de barbitúricos.

E desta forma, temos a mais melancólica cinebiografia de uma grande estrela do mundo do entretenimento dos Estados Unidos.
Repetindo: é necessário comprar a ideia e abraçar a proposta. Com isso, você vai encontrar uma trama que foge do óbvio e está distante de qualquer retrato colorido e glamoroso que Hollywood tenha se especializado. Afinal de contas, é a terra da fantasia.
Gostando ou não da proposta (eu gostei), existe um fato que será impossível ignorar: a sensacional atuação de Ana Das Armas, que faz uma Marilyn com todas as camadas possíveis de uma mulher cheia de complexidades.
Se assim como eu, você achava que a Michelle Williams tinha representado o retrato definitivo em ‘Sete Dias Com Marilyn’, em 2011, coloque o nome da cubana de 34 anos no topo da lista.

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