Há 60 anos estreava a série “A Feiticeira”

Na noite de 17 de setembro de 1964 estreava no canal estadunidense ABC a série “A Feiticeira/Bewitched”. Criada por Sol Saks, ela foi inspirada por dois filmes de sucesso “Casei-me com uma Feiticeira”, de 1942 e “Sortilégio de Amor”, de 1958.

Protagonizado pela atriz Elizabeth Montgomery, (Samantha Stephens), Dick York (Darrin Stephens, que no Brasil ganhou o nome de James) e Agnes Moorehead (Endora), rapidamente se tornou o segundo programa mais visto da TV da década.

Agnes Moorehead, Dick York e Elizabeth Montgomery A Feiticeira/Bewitched 1964 @ reprodução

O público se encantou com a estória de um jovem casal apaixonado, que mesmo com as diferenças – ela era uma feiticeira e com uma mãe claramente opressora, intrometida e exagerada, superavam tudo em nome do amor.

Alice Pearce – a primeira Sra. Kravitz @ divulgação

Vários personagens coadjuvantes fizeram sucesso, como os vizinhos Abner (George Tobias) e Gladys Kravitz. Sua interprete original, Alice Pearce, aceitou o papel mesmo lutando com um câncer há alguns anos. Morreu no início da segunda temporada. Foi substituída por Sandra Gould. Alguns meses após sua morte, Alice ganhou o Emmy póstumo de Melhor Atriz Coadjuvante pelo papel.

Marion Lorne como Tia Clara em A Feiticeira @ reprodução

Outra personagem que conquistou o público foi Tia Clara, interpretada pela veterana Marion Lorne. No início das gravações da quinta temporada, ela teve um ataque de coração. Porém, os produtores se recusaram a contratar outra atriz para o papel. Assim como Alice Pearce, Marion também ganhou um Emmy póstumo pelo papel.

A Feiticeira (1966) @ Reprodução

Entretanto, a mudança mais ruidosa aconteceu com o personagem Darrin. Dick York sofreu um acidente durante as filmagens de “Heróis de Barro”, de 1959. Mesmo assim, aceitou o papel em “A Feiticeira”, mesmo sofrendo de dores constantes. Na quarta temporada, seu personagem foi perdendo espaço, mesmo sendo uma dos protagonistas. A situação saiu do controle quando na gravação de um episódio para a quinta temporada, desmaiou em cena com extrema dor pelo corpo. Em comum acordo com a produção, saiu da série.

Dick York e Dick Sargent @ Herbie J. Pilato

Contrataram um ator que havia sido sondado para fazer o piloto da série em 1963: Dick Sargent. Surgiu um ENORME  problema. Durante quatro anos, Dick York carregou as tintas na caracterização histriónica para construir seu Darrin. Caiu nas graças do público. Apesar de ótimo ator, Sargent era mais contido e discreto. Foi rejeitado. Se não bastasse, os roteiristas estavam visivelmente com preguiça. Começaram a repetir situações e até diálogos de episódios das primeiras temporadas. Criaram personagens repetitivos e sem graça. Os números de audiência caíram significativamente. Mesmo assim, as duras penas, a série sobreviveu até a 8ª temporada.

Elizabeth Montgomery

A Feiticeira @ Herbie J Pilato

Filha do ator Robert Montgomery (1904-1981) e da atriz de teatro Elizabeth Bryan Allen, Elizabeth estreou no filme “Seu Último Comando”, em 1955. Na TV, estrelou séries como “Caravana”, “Alfred Hitchcock Apresenta”, “Os Intocáveis” e “Além da Imaginação”.
Retornou ao cinema no suspense “O Mensageiro da Vingança”, de 1963. O filme era dirigido pelo produtor William Asher, com quem a atriz acabou se casando no final de 1963. No mesmo ano, atuou ao lado de Dean Martin na comédia “Quem Anda Dormindo em Minha Cama?”. No ano seguinte, aceitou o papel de uma feiticeira casada com um mortal – uma metáfora das relações sociais e familiares da América da década. Com o nome original de Cassandra Stephens, Elizabeth sugeriu o nome de Samantha.

“A Feiticeira” foi exibida entre 1964 e 1972. Foi um sucesso internacional. Foi um trabalho tão marcante na carreira da atriz que, após o fim do programa, não mais conseguiu se livrar da imagem de Samantha, a bruxinha boa que tinha uma família com poderes incomuns que atormentava sua relação com seu marido mortal.
Elizabeth se tornou uma das atrizes mais bem pagas da época. Começou a se cansar da caretice da personagem aos produtores que estava pensando em não renovar seu contrato. Fizeram um acordo que ela teria direito a porcentagens da cota de patrocínio. Assinou um contrato até uma eventual 10ª temporada (o que não aconteceu).

Também sugeriu a criação da excêntrica prima Serena, que possibilitava outros voos como atriz. Aceitou a invenção do nome de Pandora Stock, creditada como interprete da nova personagem. Conquistou cinco indicações ao Emmys e quatro ao Globo de Ouro pelas atuações como Samantha e Serena.
Após o cancelamento da série, Elizabeth aceitou papéis mais desafiadores, como nos telefilmes “Um Caso of Estupro”, de 1974 e “The Legend of Lizzie Borden”, em 1975 e na minissérie “The Awakening Land”, de 1978. Conquistou outras três indicações ao Emmy.
Faleceu na manhã de 1995 após uma longa batalha contra um câncer no colo-retal. Estava casada com o ator Robert Foxworth. Deixou três filhos, Robert, Bill e Rebecca – todos de seu casamento com William Asher. Tinha 62 anos.