Muita coisa aconteceu desde o lançamento de “Fame”, o primeiro álbum de Lady Gaga, de 2008. As canções “Just Dance” e “Poker Face” se tornaram hits absolutos. Mamãe Monstro, Diva Disco, punk à la Warhol, baladeira com influências country, estrela de filmes, atriz premiada com o Globo de Ouro e Critics Choice, além de um Oscar como compositora.
Com a estreia do videoclipe “Abracadabra”, na noite do Grammy 2025, ela retornou à fase que muitos fãs consideram a mais querida: um maximalismo alegremente extravagante. Com uma nova geração de aspirantes tentando alcançar seu trono, Gaga provou que uma estrela pop sempre terá lugar de destaque no coração dos fãs.

“Abracadabra” estreou durante um intervalo comercial na transmissão do Grammy em 2 de fevereiro. Na cerimônia, Gaga ganharia um prêmio de Melhor Performance Duo por “Die With a Smile”, ao lado de Bruno Mars. Essa música tem um tom sincero e diligente; percebe-se que ambos os artistas se esforçam para criar um clássico de músicas de casamento. A dançante “Abracadabra”, por outro lado, não é sobre nada além de si mesma.
No clipe, legiões de dançarinos ao lado de duas Gagas (uma inocente vestida de branco e a perversa “dama de vermelho” mencionada na letra) mostravam uma coreografia precisa e frenética. Os figurinos são barrocos fazem referência à grandiosidade católica — uma rica fonte de inspiração ensinada por predecessora, Madonna desde os anos de 1990. Funcionou: a canção estreou em 8º lugar no ranking global do Spotify e tem subido desde então.
Em “Bad Romance” (2009), um dos maiores sucessos de Gaga, tinha o hipnotizante refrão “Gaga, ooh-la-la”. Mais de 15 anos depois, “Abracadabra” traz “Abracadabra, amor-oo-na-na / Abracadabra, morta-oo-ga-ga / Abracadabra, abra-oo-na-na.”**

Não é exatamente um jogo de palavras o que Gaga faz, mas fica claro que ela está se divertindo ao brincar e estender o título absurdo e extravagante da música. E se divertir lhe cai bem.
Desde o lançamento de “Chromatica” (2020), um álbum feito para as pistas de dança, mas cuja recepção foi prejudicada pela COVID, Gaga voltou seu foco para o cinema, estrelando “Nasce Uma Estrela”, “House of Gucci” e “Coringa: Folie à Deux”. Existia todo um planejamento para o último que foi abortado depois do fracasso de bilheteria e da chuva de críticas.
No meio do caos, surge “Die With a Smile”, com um conceito relativamente simples, que funcionou para mostrar seu domínio da história da música do que, bem, simplesmente “fazer sons”.

O primeiro single do álbum “Mayhem”, que será lançado em março, “Disease” tinha um tom melancólico e gótico. Por outro lado, “Abracadabra”, injeta uma dose mais do que apropriada de puro caos.
E chegou no momento certo. Enquanto Gaga focava em outras áreas, outras jovens sugiram com um senso de espetáculo que, muito provavelmente, aprenderam assistindo ao clipe de “Bad Romance” quando eram crianças.

Sabrina Carpenter transforma cada palco — especialmente o do Grammy — em uma plataforma para um camp ultraglamouroso e autodepreciativo.

Billie Eilish, por sua vez, encena suas apresentações com uma grandeza cada vez maior, à medida que sua composição se torna ainda mais sofisticada.

E Chappell Roan — a comparação mais óbvia com Gaga entre as novas estrelas — infunde seu trabalho com um espírito de espetáculo inspirado no universo drag, além de um entusiasmo em usar figurinos e maquiagem para contar suas histórias.
“Abracadabra” busca referência no triunfante “Bad Romance” e o álbum “Born This Way” para apresentar uma música feita no espírito da diversão.
O chapéu vermelho com chifres, o aviso rosnado de que “o chão está pegando fogo”, o simples conceito de um “poema dito por uma dama de vermelho” — tudo isso contribui para reforçar a imagem de Gaga não apenas como tudo o que ela tentou ser nos últimos anos.
Abracadabra, de fato — é algo parecido com mágica.
(Fonte: Variety)

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