Inspirada nas comédias “Porky’s” (1981), “American Pie” (1999) e “Não é Mais um Besteirol Americano” (2001) e na recém cancelada “A Vida Sexual das Universitárias” (HBO), a nova série do Prime Video “Muito Esforçado” apresenta Benny, um rapaz cis, branco, gay, padrão e de classe média que vive o dilema de “Sair Ou não do Armário”, assim que entra para a graduação. Dependendo qual bolha você faz parte, este assunto irá provocar diferentes reações.
Criada, roteirizada e estrelada por Benito Skinner (conhecido por sua persona online, Benny Drama, que faz imitações de celebridades, esquetes e personagens originais no Instagram, YouTube e TikTok), a série demorou quatro anos para sair do papel, segundo revelou o mesmo numa das redes. A produção começou a ser rodada há um ano.
Na mais perfeita definição do gay padrão, o personagem seguiu toda a cartilha de preferido pelos pais: certinho, limpinho, asséptico, atlético, jogador de futebol estadunidense e rei do baile. Ele é o oposto da irmã, que está no último ano de graduação, que carrega a alcunha de “Dis-Grace”, quando foi motivo de escândalo na cidade de origem quando um nude foi compartilhado por todos no colégio.

Assim que pisa na faculdade, Benny fica amigo de Carmen, uma garota latina que carrega a dor da recente perda do irmão mais velho, que era muito popular na escola. Ela será fundamental na transição de vida do rapaz. Mas o interesse maior de Benny recai sobre o atraente Miles, que provoca diferentes reações.
“Muito Esforçado” ainda conta com Adam DiMarco (The White Lotus), Mary Beth Barone (Grace), Corteon Moore (Origem), Owen Thiele (Acampamento de Teatro), Holmes (Hacks) e Lukas Gage (Acompanhante Perfeita). Participações especiais da cantora Charli XCX (uma das produtoras da série), Gaia Gerber (filha da top model Cindy Crawford) e dos veteranos Connie Britton, Kyle MacLachlan e Didi Conn (a eterna Frenchy do filme “Grease Nos Tempos da Brilhantina”).
Empatia

Confesso que não me empolguei com os primeiros episódios. Primeiro: detesto comédia. Segundo: detesto comédia besteirol. Terceiro: que não comprei o drama do moço. Mesmo entendendo que “Sair ou Não do Armário” é uma questão de foro íntimo, no qual tudo é altamente relativo.
Sim, assumir-se é mais saudável para saúde mental e menos perigoso (viver nas sombras tem um alto preço…) Porém, como afirmei, é uma questão muito pessoal.
Também foi bem difícil ter empatia por um rapaz padrão, que tem todos os benefícios e privilégios sociais que seu tipo físico garante numa sociedade conservadora, branca e rica que vivemos (mais ou menos…)

Pois bem… Lá pelo terceiro ou quarto episódio, eu comecei a ser solidário com os dilemas do rapaz.
Ele tem 20 e poucos anos. Mesmo em realidades completamente diferentes e sendo uma pessoa que nunca viveu dentro de qualquer armário, resgatei algumas dores que também senti naquela idade.
Nunca tive este dilema. Desde que me lembro-me de que existo, sempre soube que era gay. E isso nunca foi um problema para mim. Foi para os outros, principalmente para minha mãe narcisista e egocêntrica. Mesmo assim, resolvemos esta questão mais rápido do que ela gostaria de ter sido.
Estar fora do armário carrega muitas questões. Nem todos ao seu lado irão te aceitar e te amar, como você supostamente poderia acreditar. Você irá confiar em amizades que, no fundo, não te aceitam totalmente. Colegas de trabalho também podem ser pessoas péssimas. Porém, isso é normal. Qualquer pessoa que foge do convencional nunca será 100% aceito. No caso da orientação sexual não seria diferente.
Ter clareza que nunca seremos totalmente aceito é um processo melhor compreendido quando começamos a amadurecer e acionamos um grande e gigantesco ‘FODAM-SE’.
Mas até isso começar a acontecer, a gente sofre horrores! Mas sofrer é parte FUNDAMENTAL na existência de qualquer pessoa que deseje viver. Entenda isso!
Assim, a série (com oito episódios) ganhou minha simpatia por entender que, apesar de estarmos em 2025, (repetindo) dependendo de qual bolha você vive, os dilemas de Benny ainda são uma triste realidade.

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