14ª edição da Bienal Internacional de Arquitetura na Oca (Parque Ibirapuera)

A 14ª edição da Bienal Internacional de Arquitetura (BIAsp) acontece até 19 de outubro no Pavilhão da Oca, no Parque Ibirapuera, após quase uma década de edições descentralizadas. Organizada pelo Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento São Paulo (IABsp), a mostra propõe uma reflexão urgente: qual o papel da arquitetura diante das mudanças climáticas e dos eventos extremos que já impactam o cotidiano urbano e ambiental?

Oca Pavilhão do Ibirapuera @ Marcel Onofrio

Com o título “Extremos: Arquiteturas para um mundo quente”, a edição 2025 conta com curadoria de Renato Anelli, Karina de Souza, Marcos Cereto, Clevio Rabelo, Marcella Arruda e Jerá Guarani. A proposta curatorial foi inspirada nos relatórios do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), em especial o AR6, e convida a arquitetura a formular respostas radicais e inovadoras frente à crise climática, articulando saberes científicos, técnicos e populares — vindos das periferias urbanas, aldeias e quilombos.

“A arquitetura fez um esforço gigantesco para criar as cidades adaptadas à produção industrial há cem anos atrás. Hoje é necessário um esforço da mesma ordem para reverter os efeitos da industrialização baseada na emissão de Gases Efeito Estufa para o crescimento sem limites. É preciso criar uma nova relação com a natureza, não mais se colocando fora dela para melhor explorá-la. Criar uma nova cidade capaz de conviver com as águas e incentivar a biodiversidade. A 14ª BIAsp convoca os arquitetos de todo o mundo a trazer suas propostas e suas práticas que demonstrem que é possível reverter o aquecimento global através da mudança na forma de produzir o ambiente construído”. — Renato Anelli, curador.

A Bienal se estrutura como um espaço de convergência entre práticas arquitetônicas, urbanísticas, paisagísticas e de design, reunindo propostas concretas e experimentais para enfrentar o colapso climático. A programação inclui projetos — construídos ou não —, instalações experimentais, produções audiovisuais, oficinas, performances, palestras e ações em territórios externos à Oca.

A expografia, assinada pelo arquiteto Álvaro Razuk, aposta em uma estrutura modular com andaimes de seis metros de comprimento, pensada para apresentar projetos, planos, maquetes e vídeos. O sistema busca ocupar os 10 mil m² do pavilhão de forma equilibrada, valorizando a arquitetura do edifício modernista.

Oca Pavilhão do Ibirapuera @ Marcel Onofrio

Cinco eixos curatoriais guiarão os conteúdos apresentados:

  • Preservar as florestas e reflorestar as cidades
  • Conviver com as águas
  • Reformar mais e construir verde
  • Circular e acessar juntos com energias renováveis
  • Garantir a justiça climática e a habitação social

Entre os participantes estão o paisagista chinês Yu Kongjian, criador do conceito dos parques-esponja, e o escritório holandês Ooze, com o projeto City of 1000 Tanks, inspirado nas infraestruturas tradicionais indianas de retenção de água. A mostra também contará com uma seção dedicada a biomateriais, desenvolvida em parceria com instituições como o IED (Istituto Europeo di Design), a Bauhaus Earth (Alemanha) e o Craterre (França).

Projeto do arquiteto Yu Kongjian @ divulgação

A edição de 2025 reafirma a Bienal como um espaço de proposição e ação coletiva, posicionando a arquitetura como ferramenta essencial na construção de futuros mais justos, resilientes e sustentáveis.