Tudo começou, como tantas histórias de Hollywood, com uma briga em um set de filmagem. Durante as gravações de Yellowstone, série que virou fenômeno mundial, Kevin Costner discutiu com o colega Wes Bentley.
O que houve: Costner queria improvisar e mudar o roteiro; Bentley recusou, dizendo que havia se comprometido com o roteiro escrito por Taylor Sheridan, criador da série. Não houve nada físico, mas a discussão ficou acalorada, a equipe teve de separá-los, e a produção foi interrompida.

O incidente foi apenas mais um capítulo em uma longa lista de conflitos que cercam o astro e diretor de 70 anos. Ao longo da carreira, Costner acumulou brigas, processos, atrasos em pagamentos e a fama de ser “difícil”. Ainda assim, seu nome permanece ligado a alguns dos maiores sucessos do cinema americano.
O auge
Nos anos 1990, Costner era o símbolo do herói idealista que Hollywood sempre adorou criar. Com Dança com Lobos (1990), contrariou as previsões de fracasso e transformou um faroeste de três horas em um fenômeno global. O filme arrecadou mais de 400 milhões de dólares e rendeu sete Oscars, incluindo Melhor Filme e Melhor Diretor.

Depois vieram sucessos como Robin Hood: O Príncipe dos Ladrões, JFK – A Pergunta que Não Quer Calar e O Guarda-Costas, com Whitney Houston. Por um tempo, Kevin Costner esteve no mesmo patamar que Tom Cruise e Arnold Schwarzenegger.
As quedas
A boa fase acabou com Waterworld (1995), o filme mais caro da época e um fiasco de bilheteria. A bilheteria mundial foi de cerca de US$ 264 milhões (US$ 88 milhões na América do Norte e US$ 176 milhões no exterior), um valor que não cobriu o orçamento altíssimo de US$ 172 milhões e os custos de marketing, resultando em um grande fracasso de bilheteria e lucro. O filme foi considerado um “fracasso de bilheteria” devido à sua despesa monumental.
Dois anos depois, O Mensageiro consolidou a derrocada. Costner continuou atuando, mas sem o prestígio e a liberdade criativa de antes. A fama de teimoso e controlador o acompanhou por décadas. Para piorar: venceu seis vezes o Framboesa de Ouro de pior ator.
O retorno e o novo colapso

O renascimento veio com Yellowstone, em 2018, série que o devolveu ao topo. Ele venceu o Globo de Ouro 2023 de Melhor Ator em Série Dramática. Porém, brigas internas com o criador Taylor Sheridan e disputas contratuais levaram à saída do ator, em 2024.
O desentendimento coincidiu com o início de seu projeto mais ambicioso: Horizon: An American Saga, uma série de quatro filmes de faroeste que Costner escreveu, dirigiu, produziu e financiou com parte de sua própria fortuna.
Ele investiu cerca de 38 milhões de dólares do próprio bolso, hipotecando uma propriedade de luxo na Califórnia. O primeiro filme estreou no Festival de Cannes, mas as críticas foram duras. Nas bilheterias, o desastre se confirmou: apenas 11 milhões de dólares no fim de semana de estreia e pouco menos de 40 milhões no total. A Warner Bros. suspendeu o lançamento do segundo capítulo.
Crises e insistência
O fracasso de Horizon gerou uma série de disputas judiciais e financeiras. Costner enfrenta um processo trabalhista e conflitos com investidores. Ele tentou atrair apoio de bilionários e até viajou à Arábia Saudita em busca de novos financiadores, mas sem sucesso.
Enquanto isso, dedica-se a palestras e eventos corporativos pagos e sonha em construir um estúdio de cinema de 100 milhões de dólares em Utah — projeto que está parado desde o fracasso de Horizon.
O último faroeste
Mesmo com as derrotas, Costner não dá sinais de desistência. Continua determinado a concluir a saga de Horizon e a provar que ainda pode desafiar Hollywood. Como um velho pistoleiro dos faroestes que o consagraram, ele segue em frente — teimoso, solitário e sempre cavalgando em direção ao próximo horizonte.
(Fonte: The Hollywood Reporter)

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