Glenn Close está bem consciente de como uma certa vertente do fundamentalismo religioso pode se tornar tóxica. Quando tinha 7 anos, seus pais se juntaram ao Moral Re-Armament, um movimento espiritual liderado por um ministro americano chamado Frank Buchman, que ela compara a uma seita.
“Quando eu era pequena, éramos conduzidos ao quarto desse homenzinho chamado Tio Frank, e você achava que estava encontrando Deus”, diz Close. “Não acho que as pessoas entrem em cultos assim se forem felizes ou pessoas completas. Algo está faltando na vida delas.”
Close se inspirou nessa experiência para interpretar Martha Delacroix, a braço direito de um pregador inflamado, Jefferson Wicks (Josh Brolin), em “Vivo ou Morto: Um Mistério Knives Out /Wake Up Dead Man: A Knives Out Mystery”, que estreia nas telas em 26 de novembro e na Netflix em 12 de dezembro. No filme, Martha usa sua devoção como uma arma, garantindo que a congregação de Wicks permaneça sob controle.
“Eu me identifico com o lado da Martha que tenta ser uma boa soldadinha desde menina”, diz Close. “Ela perdeu muita coisa na vida por cuidar de Wicks.”

Como Martha, Close veste roupas pretas e mantém uma expressão rígida. Mas filmar “Vivo Ou Morto: Um Mistério Knives Out” foi uma experiência alegre, marcada por sua conexão com Daniel Craig e o restante do elenco de primeira linha no set de Londres. Em vez de se recolherem aos trailers entre as cenas, os atores relaxavam juntos em uma grande tenda.
“Havia uma mesa com chá, café e alguns doces ingleses estranhos”, conta Close. “Jeremy Renner tinha uma cadeira especial porque estava se recuperando de seu acidente [com o limpa-neves]. Andrew Scott, que estava fazendo outro filme na época e estava cansado, tirava cochilos. E eu jogava gamão com Mila Kunis ou Josh O’Connor. Havia muitas risadas.”

Aos 78 anos, Close está mais ocupada do que nunca. Ela está na Alemanha, filmando “The Hunger Games: Sunrise on the Reaping”. “É enorme”, ela provoca. “Há muitos figurantes, helicópteros, carruagens e cavalos.”
Recentemente, ela também entrou para o universo de Ryan Murphy, interpretando uma astuta advogada de divórcios no drama camp da Disney Plus “Tudo é Justo/All’s Fair”.
“Eu estava intimidada”, admite. “Nunca tinha participado de um filme ou série do Ryan. … Não entendi o tom por um tempo. Achei difícil.”
Foi também sua primeira vez contracenando com Kim Kardashian, e saiu impressionada com a estrela da TV. Elas passaram tempo juntas durante as filmagens, com Kris Jenner organizando uma festa regada a bebidas para o elenco, para que Kardashian finalmente visse Close cozinhar aquele coelho em Atração Fatal.

“O que me surpreendeu foi a seriedade da Kim”, diz Close. “Ela sempre sabia suas falas. Nunca se atrasava. Sempre estava preparada. Não tinha pretensões de ser uma grande atriz, mas era inteligente o suficiente para ter pessoas ao seu redor de quem pudesse aprender. Se ela fosse uma pessoa de grande ego ou do tipo que eu chamo de ‘a-vida-é-curta-demais’, eu teria ficado infeliz, mas ela não é assim.”
Os críticos, no entanto, foram implacáveis, detonando a série como barulhenta, absurda e tediosa. Close acredita que os avaliadores falharam em analisar o conjunto da obra.
“Pessoalmente acho que os três primeiros episódios foram os mais fracos”, ela diz. “Foi uma forma difícil de começar. Vi todos os nove episódios, e acho que no fim realmente resulta em algo.”
Talvez não tenha ajudado o fato de muitas pessoas terem opiniões fortes sobre a primeira família de Calabasas. “Os Kardashians diriam isso eles mesmos, mas nem todo mundo gosta deles”, afirma Close. “Eles têm uma imagem.”
