A cantora estadunidense Roberta Flack consolidou seu nome na história da indústria fonográfica ao conquistar quatro prêmios Grammy nos anos 1970, graças a interpretações que se tornaram clássicos mundiais.
Começou sua carreira musical como professora de música e pianista, antes de conquistar os palcos internacionais com sua voz suave e intensa. Seu começo foi marcado pela formação acadêmica sólida e pela transição gradual do ensino para a indústria fonográfica.

Nascida em 1937, na Carolina do Norte, filha de um organista de igreja, Roberta cresceu cercada por música. Aprendeu piano ainda criança e conquistou uma bolsa de estudos em música na Howard University, em Washington, D.C., onde se formou muito jovem. Após a graduação, trabalhou como professora de música e coral em escolas públicas, além de dar aulas particulares de piano.

Enquanto lecionava, Roberta se apresentou em clubes e pequenos espaços de Washington, interpretando jazz, folk e soul. Seu talento chamou atenção pela capacidade de unir estilos distintos em performances intimistas. Em 1969, assinou contrato com a Atlantic Records, dando início à sua carreira profissional como cantora.

O álbum de estreia, o sensacional First Take (1969), trouxe a canção “The First Time Ever I Saw Your Face”, que dois anos depois seria usada no filme “Perversa Paixão”, de Clint Eastwood e a levaria ao topo das paradas. Esse momento marcou a transição definitiva de Roberta Flack do ambiente acadêmico para o estrelato internacional.
Em 1973, a canção a premiou com dois Grammy: Gravação do Ano e Melhor Performance Pop Feminina.
No ano seguinte, repetiu o feito com “Killing Me Softly With His Song”, levando novamente os prêmios de Gravação do Ano e Performance Pop Feminina.
Essas conquistas a colocaram em um seleto grupo de artistas que conseguiram vencer o Grammy de Gravação do Ano em dois anos consecutivos, feito raríssimo na música.
Linha do tempo dos maiores sucessos
• 1969 – Lançamento do álbum First Take, inicialmente discreto, mas que seria certificado Ouro pela RIAA.
• 1971/72 – The First Time Ever I Saw Your Face alcançou o nº 1 da Billboard por seis semanas após ser incluída no filme “Perversa Paixão/Play Misty for Me”, de Clint Eastwood.
• 1972 – Dueto Where Is the Love com Donny Hathaway chegou ao Top 5 da Billboard e se torna um clássico das rádios.
• 1973 – O álbum Killing Me Softly atingiu o nº 1 da Billboard 200 e foi certificado Platina.
• 1973/74 – Killing Me Softly With His Song dominou a Billboard por cinco semanas e garantiu mais dois Grammys.
• 1974 – Feel Like Makin’ Love chegou ao nº 1 da Billboard e foi certificado Ouro.
• 1978 – Dueto The Closer I Get to You com Donny Hathaway alcançou o nº 2 da Billboard Hot 100.
• 1983 – Tonight I Celebrate My Love, com Peabo Bryson, tornou-se hino romântico e sucesso internacional.
• 1991 – Set the Night to Music, com Maxi Priest, figurou entre os 10 mais da parada Adult Contemporary.
• 1996 – O grupo The Fugees lançou uma versão hip-hop de Killing Me Softly, que também se tornou um sucesso global. A música atravessou gerações, sendo reinterpretada em diversos estilos e permanecendo como um hino da emoção musical. Hoje, é considerada um dos maiores exemplos de como uma interpretação pode transformar uma obra em clássico eterno.
Roberta Flack vendeu mais de 10 milhões de discos em todo o mundo, com álbuns certificados Ouro e Platina pela RIAA, sendo Killing Me Softly seu maior êxito comercial.
Roberta Flack não apenas acumulou números impressionantes, mas também redefiniu o papel da intérprete feminina na música soul, ao unir jazz, folk, R&B e pop em performances de rara intensidade. Sua obra permanece como referência e inspiração para artistas contemporâneos e ouvintes apaixonados pela música de qualidade.
Vida pessoal

Roberta se casou 1965 com o baixista de jazz Steve Novosel. O casamento terminou em divórcio em 1972. Não voltou a se casar oficialmente, mas manteve laços próximos com colegas de profissão, especialmente com Donny Hathaway, com quem gravou duetos memoráveis e cultivou uma amizade profunda. Ela não teve filhos.
Era conhecida por manter uma vida discreta, longe dos holofotes, preferindo dedicar-se à música e ao ensino.
Nos últimos anos, enfrentou Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), condição que a impediu de cantar.
Faleceu em 24 de fevereiro de 2025, aos 88 anos, em Manhattan, cercada pela família.
Legado
Diversas cantoras foram influenciadas por Roberta Flack, especialmente pela sua forma única de unir soul, jazz, folk e pop em interpretações suaves e intensas. Artistas como Lauryn Hill, Alicia Keys, Sade Adu, Norah Jones e Adele reconhecem sua importância como referência vocal e estilística.

Roberta Flack abriu caminhos para mulheres negras na indústria da música, mostrando que era possível unir sensibilidade e força em interpretações que fugiam dos padrões da época.
Sua assinatura vocal — suave, emotiva e sofisticada — tornou-se modelo para cantoras que buscavam transmitir profundidade emocional sem recorrer ao excesso de potência vocal.
Até hoje, suas músicas são estudadas e reinterpretadas, mantendo viva sua influência sobre novas gerações.

Homenagem mais que merecida a esta grande cantora e intérprete da Soul Music norte-americana. Aliás, esta é uma qualidade especial deste Blog: cultivar e divulgar música de qualidade para as novas gerações. Parabéns!
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