Decoração em 2025 – entre o maximalismo e o afeto

O ano de 2025 consolidou um cenário de contrastes estéticos e afetivos no mercado da decoração, marcado por escolhas que revelam tanto a vontade de expressão quanto a busca por conforto e significado. Em vitrines, mostras e projetos residenciais, conviveram com intensidade o retorno do maximalismo, a valorização do afeto e a presença crescente da biofilia, enquanto o design autoral e o feito à mão ganharam protagonismo como resposta à homogeneização da produção em massa.

Maximalismo e afeto

CASACOR 2025 Casa Brastemp por Studio Ro+Ca @ Israel Gollino

O maximalismo voltou a ocupar espaços com cores vibrantes, sobreposições de estampas e uma curadoria que mistura épocas e referências culturais. Mais do que um exercício estético, a exuberância decorativa de 2025 funcionou como reação a anos de minimalismo funcional: a casa passou a ser palco de narrativas visuais que celebram a abundância e a personalidade. Paralelamente, emergiu uma demanda por ambientes que transmitam afeto, onde objetos carregam memórias e histórias pessoais. Essa sensibilidade afetiva traduziu se em escolhas por peças herdadas, fotografias emolduradas e têxteis que convidam ao toque, transformando a decoração em um repertório emocional mais do que em um catálogo de tendências frias.

Biofilia como contraponto e complemento

CASACOR 2025 Galeria de Artes – Marcos Serrano Miralles @ Bia Nauiack

A presença de elementos naturais nos interiores consolidou se como um eixo central do bem estar doméstico. A biofilia deixou de ser apenas um conceito de projeto para se tornar prática cotidiana: plantas de grande porte, jardins verticais, materiais naturais e texturas orgânicas passaram a integrar composições que, mesmo quando exuberantes, buscavam equilíbrio com a natureza. Em muitos projetos, a biofilia atuou como contraponto ao maximalismo, suavizando paletas e oferecendo pontos de respiro visual e sensorial. A preocupação com qualidade do ar, luz natural e conexão visual com o exterior reforçou a ideia de que a casa é um refúgio restaurador.

Design autoral e o valor do feito à mão

Ambiente de Maycon Flamarion na Campinas Decor 2025 @ MONDO MODA

O mercado de 2025 premiou a autoria. Peças únicas, produzidas por ateliês e artesãos, ganharam destaque em feiras, lojas independentes e projetos sob medida. O feito à mão passou a ser percebido não apenas como estética, mas como compromisso com técnicas tradicionais, sustentabilidade e economia local. Consumidores demonstraram maior disposição a investir em objetos que trazem rastreabilidade e história, elevando o valor simbólico e financeiro de cadeiras, luminárias, cerâmicas e têxteis assinados. Esse movimento impulsionou redes de pequenos produtores e fortaleceu narrativas de autenticidade frente à produção industrial.

Convivência entre linguagens estéticas

CASACOR SP 2025 Gleuse Ferreira – Meu Verde, Meu Sertão @ MCA Estúdio

O que tornou 2025 particularmente fértil foi a capacidade de articulação entre linguagens aparentemente opostas. Salas maximalistas conviviam com cantos de leitura biofílicos; mesas artesanais eram cercadas por estantes repletas de objetos afetivos; paletas intensas encontravam equilíbrio em materiais naturais. Essa convivência gerou projetos que não se enquadram em rótulos fáceis, mas que respondem a demandas contemporâneas por identidade, conforto e sentido. Para profissionais do setor, a habilidade de combinar camadas visuais com narrativas pessoais tornou se diferencial competitivo.

Impacto no mercado e nas cadeias produtivas

2025 Campinas Decor – Refúgio do Casal @ Fred Fernandes

A preferência por peças autorais e por soluções que privilegiam bem estar alterou fluxos de consumo e cadeias produtivas. Marcas independentes e ateliês locais ampliaram sua presença, enquanto varejistas tradicionais precisaram adaptar curadorias e oferecer opções que dialoguem com a busca por autenticidade. Ao mesmo tempo, a demanda por materiais naturais e técnicas artesanais trouxe desafios logísticos e de escala, incentivando parcerias e modelos de produção mais flexíveis. O mercado mostrou se receptivo a propostas que combinem estética e propósito, com consumidores dispostos a pagar por diferenciação e história.

Perspectivas

Foi o Jorge Que Fez no ambiente de Kátia El Badouy na 25a. Campinas Decor @ MONDO MODA

O horizonte aponta para a continuidade dessa convivência híbrida entre exuberância, afeto e natureza. Tendências que valorizam a autoria e o toque humano devem se manter fortes, assim como a atenção ao bem estar ambiental dentro de casa.

A decoração de 2026 tende a aprofundar a experimentação entre camadas visuais e narrativas pessoais, consolidando um mercado onde a estética é inseparável do significado. Em última instância, o movimento observado em 2025 reafirma que o design contemporâneo é um campo de tensões criativas, no qual a pluralidade de escolhas reflete novas formas de morar e de se relacionar com os objetos que nos cercam.

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