Espaços mais luxuosos e ousados são características esperadas quando é anunciada nova edição da Mostra Black. Esse ano, a primeira surpresa ficou por conta do local e, principalmente, da maneira como os ambientes foram organizados. Containers de madeira distribuídos pela Oca (Parque Ibirapuera) abrigaram os espaços e incorporaram aos ambientes os pilotis de Niemeyer, elevando a maneira mais conceitual de apresentar uma mostra que de tão exclusiva, reduziu o tempo de visitação em pouco mais de duas semanas e selecionou apenas 14 escritórios do país para assinarem os projetos.
Quem me conhece de perto sabe que tenho os dois pés no vintage e no retrô (sim, existem diferenças entre esses termos, mas isso é assunto para outro post). Adoro espaços que nos trazem memórias afetivas e acredito que alguns detalhes antiguinhos colaboram muito pra isso. Amo a onda vintage que toma conta das mostras de decoração paulistanas e babei nesses detalhes na Black.
Obviamente isso influenciou totalmente a escolha dos meus três ambientes preferidos:
Maximiliano Crovato, com a Sala do Pavão, foi disparado o meu ambiente preferido. Super ousado na atmosfera anos 70, me lembrou um sonho de infância: entrar na garrafa da Jeannie é um Gênio (só quem nasceu antes dos anos 80 entenderá). Variações de um rosa suave aparecem no teto, no piloti e no veludo do conjunto de sofá e poltronas Soriana, vintage originais da década de 70, ícones dos italianos Afra e Tobia Scarpa. Esse tom contrasta com o verde suave a acinzentado do carpete em pele de carneiro, muito característico da época. Vários detalhes dourados nas luminárias, acessórios e pés das mesas laterais complementam o ambiente, que traz ainda, uma grande escultura em concreto, o elemento mais contemporâneo do espaço. E como deixar de lado o exemplar da taxidermia representada pelo pavão? O elemento que poderia imprimir facilmente uma cafonice, acabou por deixar o ambiente excêntrico e descolado.
Guilherme Torres teve como referência o próprio edifício que abrigou a mostra e o período que foi construído, precisamente o ano de 1954. O período conhecido como “anos dourados” foi marcado pela modernização dos grandes centros, reflexo de uma onda de otimismo com relação a economia mundial. Os sistemas construtivos mais modernos priorizavam a função e a decoração de interiores começava a ser influenciada por esse conceito, com espaços mais fluidos, despojados e menos adornados. A maior curiosidade sobre esse ambiente foi a seleção do mobiliário feita pelo profissional, com peças ícones do design brasileiro da década de 50, assinadas por “brasileiros estrangeiros”, como Lina Bo Bardi (italiana), Gregori Warchavchik (ucraniano), Jean Gillon (romeno) e Jorge Zalszupin (polonês). Daí o nome do ambiente: Terra Estrangeira. Destaque para o revestimento acústico azul com desenho 3D que dá todo o tom do espaço e para o uso inusitado da tapeçaria como divisória.
João Armentano criou um espaço bastante acolhedor ao optar por revestir o ambiente com madeira escura e deixa-lo com uma forma ovalada. As obras de arte claras contrastam com as paredes e a iluminação intimista destaca a mistura de mobiliário de diferentes épocas. Adorei o sofá vintage no tom musgo e o toque lúdico da maquete de um teatro, em madeira, com um vídeo arte, tão delicado.
Confira as fotos dos outros ambientes da Mostra, que aconteceu de 03 a 21 de junho na OCA do Parque Ibirapuera, em São Paulo.
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