
Sem sombras de dúvidas Sarah Vaughan foi uma das maiores cantoras de jazz, bossa e até da nossa MPB de todos os tempos.
Com uma voz doce e ao mesmo tempo forte, Sarah conseguiu flertar com várias vertentes da música e incorporando seu jeito maroto de improvisação e mudanças repentinas e bruscas de tom. Além disso Sarah Vaughan tinha toda uma graça em seus shows e conquistava o público logo de cara.
Nascida em Newark, em 1924, Sarah teve influência musical desde que nasceu. Seu pai era carpinteiro de profissão, mas tocava guitarra e piano. Sua mãe era lavadeira e uma das integrantes do coral gospel da cidade. Aos sete anos, a cantora aprendeu piano e iniciou cantando no coro da igreja.

Em sua juventude começou a ir a bares ilegais da cidade para se arriscar no piano e cantar. Newark era uma cidade com uma grande influência cultural e musical. Sarah logo largou a escola para se aprofundar na música.
Em 1944, Sarah gravou o tema famoso de Dizzy Gillespie, “Night in Tunisia”, intitulado “Interlude” e ainda gravou, ao lado do pai do bebop, “Lover Man”, tornando a gravação um clássico.
Algumas biografias de Sarah frequentemente citam que ela foi imediatamente lançada ao sucesso após a performance vencedora na Noite de Amadores do Teatro Zeus. Na verdade, a história parece ser um pouco mais complexa: Sarah foi frequentemente acompanhada por seu amigo, Doris Robinson, em viagens a Nova Iorque. Em algum momento do outono de 42, quando Sarah tinha 18 anos, ela sugeriu que Doris entrasse no concurso da Noite de Amadores do Teatro Zeus. Sarah tocou piano acompanhando Doris, que ganhou o segundo lugar. Depois, Sarah então decidiu competir novamente, agora como cantora, interpretando “Body and Soul” e ganhou, todavia a data exata da vitória ainda é incerta.

Após considerável atraso, Sarah foi contratada pela Apollo na primavera de 1943 para abrir o show de Ella Fitzgerald.
Numa das apresentações, ela foi apresentada ao pianista Earl Hines, líder da banda, embora os detalhes sobre o fato sejam contestados. Billy Eckstine, na época cantor na banda de Earl, foi dito por Sarah e outros como quem a ouviu no Apollo e recomendou a Earl. Em contra partida, Earl diz tê-la descoberto sozinho e oferecido um emprego local. Fato é que, após alguns testes no Apollo, Earl substitui o cantor por Sarah.
A partir daí Sarah estourou como a conhecemos. Imortalizou canções como “Misty”, “Shadow of your Smile”, ” Tenderly”, “ My Funny Valentines”, “Lullaby of Birdland” entre outros.
Sarah teve um grande relacionamento com a música brasileira, gravando com Simonal, Marcos Valle e Milton Nascimento. Fez um CD só com músicas brasileiras, cantadas em inglês.
Sarah partiu em 1990, mas deixou um legado de canções e disciplina vocal incríveis. Sarah tinha o dom de fazer um grave absoluto unido com um agudo irresistível. Muitos contestam dizendo que divas do jazz foram Ella, Billie ou Nina. Mas, na minha opinião nada se compara ao irresistível timbre camaleônico de Sarah.
Confiram a mudança de timbre que ela faz nessa apresentação de “Misty”:
(Artigo escrito originalmente em 2014 pela jornalista Renata Petry, em especial para o MONDO MODA)

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