Na reta final para o Oscar, as peças de um jogo de cartas (quase sempre) marcadas deu uma animada com o resultado do BAFTA 2025, que aconteceu no domingo, 16 de fevereiro.
Enquanto a Academia de Artes e Ciências Cinematográfica de Hollywood promove lentas mudanças para se adaptar as pautas do século XXI, como a abertura para outras cinematografias internacionais e abrindo espaço para a diversidade no seu quadro de associados, por exemplo, o BAFTA Film Awards representa a tradição.
Praticamente a premiação britânica segue a mesma fórmula da sua origem em 1947. Eles adoram lugares seguros e raramente ousam nos resultados. Para entender melhor o que é tradição: este ano criaram a categoria “Filme para Crianças”. O vencedor foi “Wallace & Gromit – Avengança”, que minutos depois também ganharia como Melhor Animação”. Tipo: “Pra quê mesmo?”.

Enfim… A edição 2025 elegeu “Conclave” como o Melhor Filme do ano. É um ótimo thriller politico/religioso, com um final surpreendente, porém, ele é exatamente a ‘cara’ do Oscar. É um filme com todas as características de uma produção feita para ganhar prêmio, a mil quilômetros de distância de um grande público. Daqui um ano pouca gente se lembrará de seu nome.
Ousadia seria premiar “Anora”, que, apresenta um ponto de partida adulto, moderno e corajoso sobre uma garota de programa (Mickey Madison) que se casa com o filho de um bilionário russo e enfrentará uma jornada que mistura altas doses de violência com pitadas de um inusitado toque de comedia de humor ácido.
Outros concorrentes eram “O Brutalista”, “Um Completo Desconhecido” e “Emilia Pérez”. O primeiro tem quatro horas de duração a ainda está envolvido com a polêmica do uso de IA para aprimorar o sotaque dos atores. O segundo é uma comédia/dramática, perfeitamente cabível numa “Sessão de Tarde” e o último… Têm tantos, mas tantos problemas – dentro e fora das telas – que merecia ser esquecido. Se não bastasse o caminhão de polêmicas, ganhou o prêmio de Melhor Filme Estrangeiro, derrotando “Ainda Estou Aqui”. Pelo amor…
Adrien Brody (“O Brutalista”), Zoe Saldaña (“Emilia Perez”) e Kieran Culkin (“A Verdadeira Dor”) venceram como Melhor Ator, Atriz e Ator Coadjuvante. São os favoritas para o SAG e certamente para o Oscar.

Apesar de uma certa surpresa ao anunciar o nome de Mikey Madison como Melhor Atriz por “Anora”, derrotando a franca favorita Demi Moore (“A Substância”), se olharmos para os prêmios das associações de críticos, o nome de Mikey foi o mais celebrado.
As coisas se embaralharam, isto sim, quando o Globo de Ouro premiou Demi como Melhor Atriz em Comédia/Musical, derrotando a estrela de “Anora”. Sua vitória se repetiu no Critics Choice. Parecia que o nome de Mikey estava fora do páreo.
O Globo de Ouro também premiou Fernanda Torres como Melhor Atriz em Drama por “Ainda Estou Aqui”. Seu nome se tornou o mais citado na internet. Com o anúncio dos concorrentes Oscar e as três indicações (Melhor Filme, Atriz e Filme Internacional), seu nome se tornou o segundo mais forte. Com a vitória no BAFTA, a disputa se torna mais emocionante.
De fato, a categoria mais aguardada no Oscar 2025 será Melhor Atriz.
Já sabemos quem ganhará o Oscar? Talvez…
A Academia Britânica é composta por 13 mil profissionais da indústria do cinema e tem membros em comum com a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos EUA.
No ano passado, as oito principais categorias foram as mesmas nos dois eventos: Melhor Filme (“Oppenheimer”), Melhor Diretor (Christopher Nolan, “Oppenheimer”), Melhor Ator (Cillian Murphy, “Oppenheimer”), Melhor Atriz (Emma Stone, “Pobres Criaturas”), Melhor Ator Coadjuvante (Robert Downey Jr., “Oppenheimer”), Melhor Atriz Coadjuvante (Da’Vine Joy Randolph, “Os Rejeitados”), Melhor Roteiro Original (“Anatomia de uma Queda”) e Melhor Roteiro Adaptado (“Ficção Americana”).
No entanto, em 2023 as duas Academias discordaram em todas essas oito categorias. E, na disputa pelo prêmio de Melhor Filme, elas divergem. Apenas dois dos últimos dez vencedores do BAFTA conquistaram também o Oscar principal: “Nomadland’ (2020) e o já mencionado “Oppenheimer” (2023).
Ainda assim, esses prêmios podem ajudar a esclarecer uma disputa em que o momento tem mudado, passando dos vencedores do Globo de Ouro, “Emilia Pérez” e “O Brutalista”, para o premiado no Critics Choice, do Sindicato dos Diretores e do Sindicato dos Produtores, “Anora”.
Veja a lista completa dos vencedores do Bafta 2025
Melhor Filme: Conclave
Melhor Ator: Adrien Brody, O Brutalista
Melhor Atriz: Mikey Madison, Anora
Melhor Ator Coadjuvante: Kieran Culkin, A Verdadeira Dor
Melhor Atriz Coadjuvante: Zoe Saldaña, Emilia Pérez
Melhor Direção: Brady Corbet, O Brutalista
Melhor Filme Britânico: Conclave
Melhor Roteiro Original: A Verdadeira Dor
Melhor Roteiro Adaptado: Conclave
Melhor Filme de Animação: Wallace & Gromit: Avengança
Melhor Filme Infantil: Wallace & Gromit – Avengança
Melhor Filme de Língua Não-Inglesa: Emilia Pérez
Melhor Documentário: Super/Man – A História de Christopher Reeve
Melhor Curta-Metragem Britânico: Rock, Paper, Scissors
Melhor Curta-Metragem de Animação Britânico: Wander to Wonder
Melhor Trilha Sonora Original: O Brutalista
Melhor Diretor ou Roteirista Britânico Estreante: Rich Peppiatt, Kneecap
Melhor Design de Produção: Wicked
Melhor Edição: Conclave
Melhor Som: Duna: Parte 2
Melhor Fotografia: O Brutalista
Melhores Efeitos Visuais: Duna: Parte 2
Melhor Elenco: Anora
Melhor Cabelo e Maquiagem: A Substância
Melhor Figurino: Wicked

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