Na reta final da Temporada de Premiações, três títulos disputam nas bolsas de apostas a vitória no Oscar 2025 de Melhor Filme: “Anora”, “Conclave” e “O Brutalista”.

Eles também concorrem nas categorias Direção, Roteiro e Montagem. Entre 1981 e 2013, os premiados como Melhor Filme também venceram Melhor Montagem.
“Anora” levou os prêmios dos Sindicatos dos Produtores (PGA), Diretores (DGA) e Roteiristas (WGA). Historicamente, filmes que venceram todos esses prêmios tendem a ganhar o Oscar de Melhor Filme, porém, a vitória de “Conclave” como Melhor Elenco na premiação do Sindicato dos Atores (SAG) foi uma surpresa. O thriller politico/religioso dirigido por Edward Berger tem chances para derrotar a comédia dramática sobre uma garota de programa e seu envolvimento com mafiosos russos.
Com suas 3h24 min, o épico “O Brutalista” venceu o BAFTA e o Globo de Ouro como Melhor Filme e também tem chances.
Outros títulos que também disputam Melhor Filme e Melhor Montagem são “Wicked” e “Emilia Pérez”, porém, este último tem mais chances na categoria Filme Internacional.
Também concorrente a Melhor Filme, o brasileiro “Ainda Estou Aqui” também tem melhores chances em Filme Internacional. Ficar de fora das disputas de Melhor Diretor, Roteiro e Montagem tornou sua vitória praticamente impossível.
Sean Baker (“Anora”) venceu o prêmio do Sindicado de Diretores, além de ser um dos produtores, roteirista e montador do filme. Seu maior concorrente é Brady Corbet (“O Brutalista”) venceu o BAFTA e o Globo de Ouro. Ainda na disputa James Mangold (“Um Completo Desconhecido”), Coralie Fargeat (“A Substância”) e Jacques Audiard (“Emilia Pérez”).

Indicações

Anora (6 indicações – Melhor Filme, Direção, Atriz, Ator Coadjuvante, Roteiro Original e Montagem)
O Brutalista (10 indicações – Melhor Filme, Direção, Ator, Ator Coadjuvante, Atriz Coadjuvante, Roteiro Original, Fotografia, Trilha Sonora, Direção de Arte e Montagem)
O Completo Desconhecido (8 Indicações – Melhor Filme, Direção, Ator, Ator Coadjuvante, Atriz Coadjuvante, Roteiro Adaptado, Figurinos e Som)
Conclave (8 Indicações – Melhor Filme, Ator, Atriz Coadjuvante, Roteiro Adaptado, Direção de Arte, Trilha Sonora, Figurinos e Montagem)
Duna: Parte 2 (5 Indicações – Melhor Filme, Efeitos Especiais, Direção de Arte, Fotografia e Som)
Emilia Pérez (13 Indicações – Melhor Filme, Direção, Atriz, Atriz Coadjuvante, Filme Internacional, Roteiro Adaptado, Trilha Sonora, Maquiagem e Cabelos, Fotografia, Montagem e Som)
Ainda Estou Aqui (3 Indicações – Melhor Filme, Atriz e Filme Internacional)
Nickel Boys (2 Indicações – Melhor Filme e Roteiro Adaptado)
A Substância (5 Indicações – Melhor Filme, Direção, Atriz, Roteiro Original e Maquiagem e Cabelos)
Wicked (10 Indicações – Melhor Filme, Atriz, Atriz Coadjuvante, Trilha Sonora, Direção de Arte, Maquiagem e Cabelo, Efeitos Visuais, Figurino, Montagem e Som)

Protagonistas

Depois das vitórias no BAFTA, Globo de Ouro e Critics Choice, Adrien Brody (“O Brutalista”) caminhava como o franco favorito para levar o Oscar de Melhor Ator. Porém, Timothée Chalamet (“Um Completo Desconhecido”) ganhou o prêmio do Sindicato dos Atores no domingo (23). Pode ser um balde de água fria na esperança do ator estadunidense de ganhar seu segundo Oscar, desde sua vitória por “O Pianista”, em 2002.
Outros concorrentes são: Colman Domingo (“Sing Sing”), Ralph Fiennes (“Conclave”) e Sebastian Stan (“O Aprendiz”).

Fernanda Torres (“Ainda Estou Aqui”) tem a melhor atuação feminina entre as cinco concorrentes. É o grande papel dramático em disputa de um filme que está fazendo uma ótima bilheteria mundial, com U$ 27,268 milhões (R$ 150 milhões). Estou em janeiro em 93 salas dos EUA. Seis semanas depois, ele está em 762.
Desde sua vitória no Globo de Ouro (Melhor Atriz em Drama) – derrotando as estrelas Nicole Kidman, Angelina Jolie, Kate Winslet e Tilda Swinton – ganhou destaque internacional. Esteve na melhor campanha internacional de um filme brasileiro na corrida pelo Oscar e seu nome é o mais comentado nas redes sociais.
O fato de estar atuando numa língua não inglesa pode ser entrave? Sim, porém, Sophia Loren venceu Oscar de Melhor Atriz em 1962 por “Duas Mulheres”, atuando em italiano e Marion Cotilard em 2008 por “Piaf”, atuando em francês.

Fernanda tem chances, porém, a favorita é Demi Moore. Aos 62 anos, ela tem a melhor narrativa da temporada. De atriz de sucesso na década de 1990, passou anos no ostracismo. Seu papel em “A Substância” se transformou na “volta por cima ao estrelato”. A Academia adora ver seue semelhantes superarem derrotas. Também venceu o SAG Awards, o Globo de Ouro (Melhor Atriz em Comédia ou Musical) e o Critics Choice.
O que pode pesar contra sua vitória é o tradicional preconceito que a Academia tem com filmes de terror. Somente Natalie Portman quebrou a barreira em 2011 pela vitória em “Cisne Negro”. Ou seja, impossível não é.
Depois da vitória no BAFTA, Mikey Madison, a jovem atriz de 25 anos que concorre por “Anora”, também tem melhores chances do que Cynthia Erivo (“Wicked”) e Karla Sofia Gáscon (“Emilia Pérez”).

Coadjuvantes

Kieran Culkin (“A Verdadeira Dor) e Zoe Saldanã (“Emilia Perez”) são os nomes mais fortes na categorias de Ator e Atriz Coadjuvantes. Importante lembrar que ambos também são os protagonistas dos filmes que participam. Porém, numa jogada dos produtores, disputaram todas as premiações como coadjuvantes. É uma discussão longa e confusa, mas é assim que as coisas funcionam na indústria do entretenimento dos EUA.
Com a jogada, os verdadeiros coadjuvantes masculinos Yura Borisov (“Anora”), Edward Norton (“Um Completo Desconhecido”), Guy Pearce (“O Brutalista”) e Jeremy Strong (“O Aprendiz”) tem poucas chances, assim como Monica Barbaro (“Um Completo Desconhecido”), Felicity Jones (“O Brutalista”), Isabella Rossellini (“Conclave”) e Ariana Grande (“Wicked”, que, também é uma das protagonistas do filme).

Filme Internacional

“Ainda Estou Aqui” tem boas chances. Como disse, sua campanha na corrida do Oscar foi a melhor feita por um filme brasileiro que alguém poderia imaginar. É uma obra oportuna, dona de uma temática forte e que jamais pode ser esquecida. Tem feito uma boa bilheteria internacional.

Seu maior concorrente é o francês “Emilia Pérez”. O filme odiado pelos brasileiros – incluindo até quem não o assistiu (o que é um absurdo), porém, abraçado pela indústria, que o adorou. É uma opereta em três atos considerada como disruptiva na proposta de apresentar a estória de um chefe do cartel de drogas do México que deseja passar pela transição de gênero. Também é elogiado por colocar uma atriz assumidamente trans no papel que dá título ao filme.

Todas as declarações polêmicas envolvendo a atriz Karla Sofia Gascon, o diretor, Jacques Audiard, a diretora de elenco, as canções (incluindo a primeira que fez uma caricatura medonha da transição de gênero), o roteiro problemático, etc, não atrapalharam sua vitória no Globo de Ouro, Critics Choice e BAFTA.

Eles concorrem com o dinamarquês “A Garota da Agulha”, o franco-alemão “A Semente do Sagrado Fruto” e o letão “Flow”.