Nova série do streaming Disney +, “Modernos de Meia Idade” apresenta a estória de três amigos Bunny (Nathan Lane, 69 anos), Arthur (Nathan Lee Graham, 57 anos) e Jerry (Matt Bomer, 47 anos), homens gays de uma certa idade (entre 50 a 60 anos) que decidem morar juntos em Palm Springs após a morte acidental de um quarto membro do grupo. Com eles mora também Sybil (a veterana Linda Lavin, 87 anos), mãe de Bunny.
O formato da série é da clássica sitcom – aquelas produzidas por canais de TV aberta estadunidense, como “Friends”, “The Big Bang Theory” ou “Will & Grace”, que é de autoria de David Kohan e Max Mutchnick, também showrunners de “Modernos de Meia Idade”.

A trama se passa na casa de Bunny, dono de uma empresa de lingeries, com direito a trilhas de risadas ao fundo e a utilização de várias câmeras estacionadas em pontos estratégicos do set, o que confere a ela o título de comédia multicam. O formato possibilita que a montagem dos episódios seja mais rápida e menos custosa, embora o resultado seja, normalmente, mais simples.

David Kohan e Max Mutchnick rejeitam o título de “Golden Girls Gay” quando falam de sua nova série. Clássica série dos anos de 1980 que mostrava a vida de amigas de meia idade que moravam com a mãe da mais velha das três. Mesmo assim, a dupla admite que fazer uma comparação entre as duas sitcons foi a maneira mais fácil de vender o projeto e colocá-lo no ar.

“Só para deixar claro, eu nunca assisti a The Golden Girls”, admite Kohan, em entrevista ao Estadão. “Eu obviamente conheço a série e o seu conceito, de três mulheres de certa idade — que, aliás, são significativamente mais novas do que nós, o que é absurdo para mim — e a mãe. Essa dinâmica existe na [nossa] série, mas, honestamente, ela não foi concebida desta forma.”
Ainda assim, as comparações inevitavelmente existem.
“Eu não acho que essa seja aquele tipo de sitcom de mãe, sabe? Fizemos algumas alterações no sentido de testar os limites da linguagem típica do formato, porque o Hulu nos permitiu fazer isso”, explica Mutchnick. “E foi empolgante porque conseguimos escrever de uma forma que nunca foi possível para nós no passado, além de soarmos um pouco mais natural, para dizer a verdade.”
A menção ao passado e a alegria com o novo projeto não são em vão. Kohan e Mutchnick são parceiros criativos de longa data, e compartilham nada menos do que 13 créditos como produtores executivos ou criadores de séries ao longo das últimas três décadas. “Will & Grace”, “Partners” e “$#*! My Dad Says” são algumas das comédias que firmaram seus nomes entre os de grande importância para o gênero.

Apesar do estranhamento com a claque (aquele efeito dos risos gravado, que sumiu das séries de comédia atuais nos Streaming) e de flertar com os estereótipos na construção dos personagens, “Modernos de Meia Idade” diverte pelo roteiro afiado e engraçado, que agradará – principalmente – os fãs do antigo “Will & Grace”.

O ótimo elenco também garante o interesse. Muitos rostos conhecidos de outras comédias fazem participações especiais, como Pamela Adlon (“Better Things”), Jesse Tyler Ferguson (o Mitchel de “Modern Family”) e Richard Kind (“Segura a Onda” e “Spin City”).
A primeira temporada contou com dez episódios de 22 minutos. O nono começa com a triste notícia da despedida de um personagem (a atriz Linda Lavin faleceu aos 87 anos em 29 de dezembro de 2024, de um câncer descoberto recentemente), que era fundamental na dinâmica proposta pela série.
Numa época com poucas séries realmente engraçadas (lembre-se que “O Urso” é considerada uma comédia, mesmo sendo um drama com elementos de humor), “Modernos de Meia Idade” diverte sem precisar ser levada muito a sério.

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