Nossos ídolos não são eternos – A morte de Drew Struzan

Artigo assinado pelo artista independente Danilo Mata

Vivemos novos tempos e com isso também temos acesso a novas tecnologias, experiências, formas de experimentar e interagir com a realidade. Obviamente que temos também novos problemas, mas estamos em um momento curioso, no qual devemos lidar com as perdas de nomes que são responsáveis por produzir, através das mais variadas formas de arte, o entretenimento que nos encanta.

Star Wars (1977) @ Drew Struzan

Nos últimos anos as notícias sobre óbitos de grandes nomes da indústria do entretenimento se tornaram cada vez mais comuns.
Estes astros da arte assim como muitos outros são facilmente reconhecíveis por diversas gerações. São rostos que conhecemos por estarem ativos em meio de comunicação sendo entrevistados ou por terem a aparência como parte da sua arte, como atores de cinema ou TV e até artistas da área da música que acabam por ter a identidade visual reconhecível. Essas perdas se tornam mais perceptíveis nesses casos. Mas e quanto aos artistas que nos deixam e que trabalharam apenas nos bastidores do entretenimento?

Indústria do entretenimento

Cartazes da saga Star Wars @ @ Drew Struzan

O período dos anos 60 a 80 foi muito prolífico para os que trabalhavam com artes visuais. Capas de álbuns de bandas e até caixas de brinquedos utilizavam ilustrações de alto nível artístico. O cinema já possuía um histórico de cartazes como publicidade e com o crescimento do uso das artes visuais em outras áreas a popularidade dessa prática motivou equipes de marketing em apostar em imagens mais impactantes.
Embora ilustrações como divulgação para cinema, televisão, quadrinhos, livros, rótulos de bebidas e caixas de brinquedo tenham se tornado popular décadas atrás, muitos nomes por trás dessa arte continuaram nas sombras. Alguns nomes se destacaram e conseguiram sair das sombras, como Frank Frazetta, Olivia de Berardinis, Boris Vallejo, Richard Corben, Tom Jung, os irmãos Hildebrandt, Jeff Watts, Catherine Jeffrey Jones e Drew Struzan.

Indiana Jones e o Templo da Perdição @ Drew Struzan

No dia 13 de outubro passado, perdemos um artista gigante: Drew Struzan. Ele estava com 78 anos. Aqueles que viveram a época do cinema que era recheada de cartazes de filmes nos cinemas ou vídeos em VHS, tiveram sorte de apreciar essa época. Ele assinou obras como Tubarão, De Volta para o Futuro e Star Wars, entre tantos outros filmes que se tornaram verdadeiras obras de arte.

Drew Struzan

Drew Struzan @ divulgação

Nascido em 1947, em Oregon nos EUA, Drew foi responsável por criar cartazes de inúmeros filmes e capas de álbuns de bandas. Iniciou a carreira criando ilustrações para filmes B, por volta dos anos 70. Diversos dos filmes que tiveram Drew como ilustrador se tornaram sucesso de bilheteria. Obviamente isto ajudou a popularizar sua arte, uma vez que, cada vez mais aprimorava suas técnicas e assim, tornou-se mais requisitado.
Nos anos 90 a prática de cartazes de filmes teve uma redução drástica devido surgimento de novas técnicas de edição, que eram mais baratas e mais rápidas. Embora fossem menos apreciáveis no estilo visual, o custo é um fator decisivo para a indústria. Desta forma, cada vez menos ilustrações eram utilizadas. Drew avisou que deixaria de trabalhar com ilustrações para cinema em 2008, abrindo exceções para projetos pontuais, como a animação “Como treinar seu dragão”, em 2010.

O Feitiço de Áquila (1984) @ Drew Struzan

Ele trabalhou por mais de 30 anos, produzindo ilustrações para cinema, televisão, animações e também artes feitas por encomenda. São mais de 150 obras produzidas para cinema e televisão. Difícil saber quantas peças foram feitas por encomenda privadas. Obviamente os filmes mais famosos são também os cartazes mais conhecidos, mas também é possível encontrar peças feitas para produções menores. O visual dessas peças era tão interessante que ficaram icônicas e as originais. Um cartaz original custa uma fortuna.

Os Flintstones (1994) @ Drew Struzan

No final dos anos 90, o Museu de arte Norman Rockwell apresentou uma exposição com mais de 50 obras de Drew Struzan. A exposição chamada “A arte do cinema” era exclusivamente focada nas obras mais conhecidas que ele produziu para o cinema.
Diversas outras obras dele podem ser encontradas no livro de arte “The Art of Drew Struzan” ou nas redes sociais ( https://www.instagram.com/drewstruzanart/ ) que são administradas pela família.

Legado

Abracadabra (1993) @ Drew Struzan

Após o diagnóstico de Alzheimer, em março de 2025, sua esposa anunciou que Drew não conseguiria mais pintar e que seu estado de saúde estava se agravando.
Drew Struzan não foi apenas um grande artista, ele foi parte de um período prolífico para ilustradores e deixou a sua marca. Muitos outros incríveis artistas não ficaram conhecidos, mas Drew foi uma exceção, se tornando um dos mais importantes representantes da arte para produções cinematográficas e animações.
Muitos nomes da indústria do entretenimento prestaram mensagens de luto incluindo o diretor Guilherme del Toro.
Sua arte influenciou diversas gerações de profissionais da arte.

A trilogia De Volta Para o Futuro @ Drew Struzan

É possível visitar uma galeria virtual dedicada ao artista no jogo Second Life, que contém imagens de boa qualidade das obras reais do artista.

É possível encontrar um pouco mais sobre o impacto da arte de Drew no documentário “Drew: The Man Behind the Poster” ( https://www.youtube.com/watch?v=olXQ8QSPs5I )

Mais detalhes sobre história dos pôsteres de cinema:
https://postercollector.co.uk/articles/history-of-movie-posters/
https://www.illustrationhistory.org/genres/poster-film

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