Há 50 anos, o canal estadunidense ABC exibiu o primeiro episódio da série “Mulher Maravilha”. Era noite de 07 de novembro de 1975, quando a Miss Mundo 1972, Lynda Carter se tornaria um ícone da cultura pop da década passada.
A Origem

Inventor do polígrafo – o detector de mentiras, William Moulon Marston idealizou um novo tipo de super-herói, “que triunfaria não com punhos ou poderes, mas com amor.” Ao ouvir a ideia, sua esposa Elizabeth Holloway, sugeriu: “Mas faça uma mulher.”
O objetivo de William era criar um personagem forte, que afastasse a ideia da inferioridade feminina e inspirasse meninas a terem conquistas em diversas áreas, como no atletismo e nas profissões dominadas por homens.
Em sua vida pessoal, William mantinha um relacionamento poligâmico, possuindo duas mulheres admiráveis para se inspirar na criação da nova super-heroína. Ele era casado com a advogada Elizabeth, mas, enquanto dava aulas na Universidade Tufts, apaixonou-se por uma aluna chamada Olive Byrne. Ela então se mudou para a residência do casal, passando a viver os três como uma família.

Olive era sobrinha de Margaret Sanger, uma importante feminista da década de 1920, responsável pela primeira clínica de planejamento de natalidade nos Estados Unidos. Cada uma das mulheres teve dois filhos com William, o que era um choque para a sociedade da época. Então, eles diziam a todos que Olive era uma cunhada de William que estava viúva.
Em 1942, a DC Comics publicou a primeira história da Mulher-Maravilha, uma guerreira amazona da Grécia Antiga que conseguiu se libertar das amarras criadas por homens. Seu traje era bustiê vermelho, calcinha azul com estrelas douradas e suas botas de cano alto.
A série
Na primeira temporada da série, Diana é uma princesa que vive com a mãe e suas irmãs amazonas da Ilha Paraíso (localizada no centro do Triângulo das Bermudas – nos quadrinhos, seu nome é Themyscira), supostamente únicas sobreviventes do patriarcalismo dos gregos da Antiguidade.
Graças ao Feminum, uma substância mágica que confere força e poderes sobre-humanos, elas são imortais.
Na Segunda Guerra Mundial, o Major Steve Trevor sofre um acidente após um ataque de uma aeronave nazista e cai na ilha. Ele é salvo por Diana. Com isso, ela e as outras amazonas descobrem que o mundo externo está em guerra contra o Nazi-Fascismo, o qual ambiciona escravizar a humanidade.

Sua mãe, a Rainha Hipólita, aceita ajudar o Major de volta aos EUA ao lado de sua mais forte amazona. Para isso, promove uma competição atlética em estilo olímpico. Sua filha é a vitoriosa.
Eles voltam aos EUA à bordo do avião invisível. Com a memória recente apagada, o Major é deixado num hospital. Diana começa sua luta contra espiões e sabotadores nazistas, que planejam atacar Washington. Assim, o mundo comece sua primeira heroína: a Mulher Maravilha.
Uniforme

Nesta fase, Diana usa o uniforme clássico dos quadrinhos, incluindo o Cinturão do Poder, os Braceletes Protetores, o Laço Mágico Dourado (filho do polígrafo) e a tiara que se transforma em bumerangue. Também do citado “avião invisível” (que ninguém nunca soube onde fica pousado).
Assim como Clark Kent (Superman), a heroína assume a identidade secreta de Diana Prince, a secretária do Major, com direito ao uso de pesados óculos receituário e um eterno cabelo preso num coque. Ao contrário de Clark, que usa uma cabine telefônica para se ‘transformar’, Diana tem o ‘giro de transformação’.
Na primeira temporada, era feita uma fusão de duas imagens da personagem rodopiando. Na segunda, o ‘giro’ ganhou efeitos luminosos (clarão vermelho e azul) e barulhento – como se fosse um trovão.
Este último se transformou num fenômeno da cultura pop deste então. Difícil quantificar quantas séries, desenhos e outros programas de TV não o imitaram. E o que dizer da música composta por Charles Fox e letras de Norman Gimbel?
Mudança de emissora
Apesar do sucesso da primeira temporada, o canal ABC não quis renova-la. Assim, a CBS comprou os direitos, mudando o nome para ‘As Novas Aventuras da Mulher Maravilha’, trazendo a personagem para 1977, no qual os novos inimigos tinham ligação com a Guerra Fria.
Na nova fase, Diana se torna uma agente de espionagem da IADC, um braço da CIA e seu superior é Steve Trevor Jr, filho do Major Trevor original. Eles continuam a manter um romance platônico que nunca se torna real.
Na nova fase, fez sucesso o supercomputador falante chamado IRA, que a ajudava a conseguir pistas dos criminosos. Além disto, Diana ganha novo uniforme com mudanças sutis, mas percetíveis e ares mais modernos.
Apesar do sucesso, principalmente com o público infantil, Mulher Maravilha teve três temporadas com 47 episódios no total. A personagem foi perdendo o interesse, principalmente pela forte concorrência das detetives da série “As Panteras” e de outra heroína, ‘A Mulher Biônica’.
A atriz

A carreira de Lynda Carter começa e termina com a Mulher Maravilha. Simplesmente, ela jamais conseguiu repetir o sucesso da personagem. Nascida de uma mistura de ingleses, irlandeses, mexicanos, espanhóis e franceses, ela nasceu em Phoenix, Arizona em 24 de julho de 1953. Foi casada duas vezes, ela tem dois filhos. Além de atriz, é cantora-compositora (no começo dos anos 80, ela participou de um especial de TV mostrando muito afinada) e ativista.

Sua carreira começou em 1972, quando ganhou os concursos de Miss Arizona e Miss Mundo USA. No concurso internacional, chegou as semi-finais. Fez diversos cursos de interpretação e conseguiu uma participação numa série chamada Nakia, em 1974. Depois apareceu em ‘Starsky and Hutch’, série de grande sucesso na época, além de diversos papéis em filmes B.
Quando suas economias estavam acabando, seu agente informou que a atriz Joanna Cassidy (mais conhecida por um papel de replicante Zhora no filme ‘Blade Runner’) recusou participar da série de TV Mulher Maravilha. Lynda fez o teste, passou e virou ícone da cultura pop.

Em 1978, ela foi eleita ‘A Mulher Mais Bonita do Mundo’ pela Academia Internacional de Beleza e pela associação de imprensa britânica. Neste período, ela também gravou seu primeiro álbum, chamado ‘Portrait’, que contou com algumas composições próprias.
Com o final da série em 1979, Lynda participou de diversas séries e filmes, mas jamais conseguiu destaque. Somente em 2005, com o papel de Mama Morton na produção londrina do musical ‘Chicago’, que ela voltou a mídia.
Em março de 2007, saiu em turnê pelos EUA com o musical ‘’An Evening with Lynda Carter’, se apresentando em diversas casas respeitadas de Nova York, São Francisco e Washington. Em junho de 2009, gravou seu segundo álbum ‘At Last’, que ficou entre os 10 mais vendidos na parada de Jazz da Billboard. Em 2011, lançou ‘Crazy Little Things’, uma mistura de Standards, country e clássicos pops. Em 2020, ela faz uma emocionante participação especial na cena pós-crédito do filme “Mulher Maravilha 1984”.
As outras heroínas
Antes da série com Lynda Carter, em 1967, a atriz Ellie Wood Walker encarnou a personagem num inacreditável piloto de cinco minutos. Tem que ver:
Em 1974, a ABC, em parceria com a Warner, produziu um filme feito para TV sobre a heroína. Produzido por Doulgas S. Cramer, a ex-tenista profissional Cathy Lee Crosby vestiu um uniforme que lembrava um figurino das mulheres da série ‘Jornada nas Estrelas’. A personagem não tinha superpoderes – ou seja, fugia completamente do universo dos quadrinhos. Durante um tempo, o filme ficou guardado, mas, para matar a curiosidade, a Warner Collection decidiu lançá-lo.
Em 1996, Ivan Reitman apareceu como suposto diretor de uma versão para o cinema de uma versão da heroína. Entre as cotadas, Jennifer Aniston e Sandra Bullock. Apesar do apoio da própria Lynda Carter, Sandra, dizem, caiu fora do projeto porque não queria vestir o uniforme.
Em 2005, o diretor Joss Whedon sinalizou interesse em dirigir um projeto da Warner. Não deu certo.
Em 2010, David E. Kelley (responsável pelas séries ‘Ally McBeal’ e ‘O Desafio’ – sucessos do começo da década de 2000) escreveu e produziu uma versão para TV estrelada pela loira tingida de morena Adrianne Palicki. O piloto foi massacrado pelos fãs. Fizeram até um vídeo explicando em detalhes os erros na concepção do uniforme.
As coisas mudaram quando a personagem ‘rouba a cena’ na terceira parte do filme ‘Batman e Superman: a Origem Justiça’, Zack Snyder, de 2016 (Brasil). Ao lado de Henry Cavill (Superman) e Ben Affeck (Batman), a Miss Israel 2004, Gal Gadot brilhou. Foi um sucesso de bilheteria, com arrecadação de US$ 873 milhões.

No ano seguinte, ela ganhou seu primeiro filme solo. Arrecadou US$ 824 milhões. A continuação de 2020 foi um fracasso. Lançada durante a pandemia de COVID, rendeu pouco mais de US$ 169,6 milhões.
Letra da canção tema:
Wonder Woman!
Wonder Woman!
All the world is waiting for you,
And the powers you possess,
In your satin tights,
Fighting for your rights,
And the old red, white and blue!
Wonder Woman!
Wonder Woman!
Now the world is ready for you,
And the wonders you can do.
Make a hawk a dove,
Stop a war with love,
Make a liar tell the truth!
Wonder Woman!
Get us out from under.
Wonder Woman!
All our hopes are pinned upon you,
And the magic that you do.
Stop a bullet cold,
Make the Axis fold,
Change their minds,
And change the world!
Wonder Woman!
Wonder Woman!
You’re a wonder!
Wonder Woman!
