Muitas pessoas enxergam a moda como peças de roupas que vão e vem com o passar da estação, mas não param para analisar o contexto.
Ao estudarmos a história da indumentária, percebemos que tudo está diretamente ligado ao período histórico e ao estilo de vida da época. Em breve resumo, durante a maior parte do tempo, as roupas foram – e ainda são – utilizadas como diferenciador social, o que fez os criadores cometerem loucuras e bizarrices para se destacarem.
No século XVIII, no período do Rococó, usava-se o panier, literalmente traduzido como “cesto”, que nada mais era do que uma armação estruturada e retrátil que dava forma ao vestido. Era utilizada embaixo da saia. Na corte, ele era usado de maneira excessiva e, com o passar do tempo, passou a ser dividido em dois, um de cada lado do quadril, o que fazia as damas ocupassem três vezes mais espaço em peças de teatro, por exemplo. É uma peça esteticamente feia, se analisada hoje, provavelmente desconfortável e nada funcional, porém cumpria seu papel de diferenciador na época. Foi usada por 50 anos. Foi abolida no período do Naturalismo, em 1770, pois era considerado antinatural.
No século seguinte, em 1850, surgiu um movimento chamado Bloomerismo. Como a moda feminina estava cada vez mais elaborada e desconfortável, surgiram alguns grupos de reforma do vestuário, que consistiam em acabar com os exageros da silhueta e com a diferenciação social através das roupas. Isso ocorreu porque nesse período as mulheres passaram a estudar e, assim, acabaram vendo o mundo com outros olhos e começaram a questiona-lo. O look bloomer consistia em uma espécie de vestido até os joelhos sobre um par de calças bufantes presas no tornozelo por um babado de renda.
Desde o período medieval até o século XX usava-se o patten, que era uma espécie de sola de madeira que protegia o sapato da lama e sujeira. Sua altura variava de acordo com a hierarquia social, quanto mais alto, maior o poder – algumas ultrapassavam 50 cm.
Muitos anos depois, em 1950, no período das pinups curvilíneas, algumas mulheres usavam um sutiã inflável para criar volume. É bizarro, mas faria sucesso hoje em dia.
No século XXI, a moda é muito mais efêmera. Antes, peças marcavam muito o contexto histórico – e vice versa – e podiam durar décadas, ou séculos. Hoje, com a liberdade de expressão, criação e fácil acesso a informações e tutoriais, tudo muda muito rápido e não há uma regra, apenas modismos de curto período.
Em 2010, o falecido Alexander McQueen criou o Armadillo para a cantora Lady Gaga. O nome é traduzido como tatu-bola, pois a forma do sapato lembra a silhueta do bicho. A partir desse, a marca liberou sua mente para criar outros calçados extremamente estranhos e bizarros, porém de uma criatividade e sofisticação incríveis.
Portanto, é possível perceber que não cabe a nós olhar para trás com julgamentos contemporâneos e sim com o conhecimento de que cada pedacinho da história da indumentária, bizarro ou não, foi importante de alguma maneira e permitiu que chegássemos na moda que temos hoje.
(Artigo de Bruna Said Miguel, do blog Chá das Cinco)
Muito legal! 🙂 Bjao
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