Evelyn Preer entrou para a história como A Primeira Dama Negra das Telas. Filha de Frank e Blanche Jarvis, ela nasceu em 26 de julho de 1896 em Vicksburgh, Mississipi. Após a morte do pai, sua mãe se mudou com os três flhos para Chicago, Illinois, onde a garota concluiu o ensino médio. Ganhou desenvoltura ao acompanhar a mãe em pregações religiosas nas ruas. Graças a isto, começou a se apresentar em espetáculos de Vaudeville.

Evelyn se tornou uma estrela do chamado “Chitlin Circuit”, que eram espetáculos seguros para artistas negros, que não podiam se apresentar em qualquer palco durante a segregação racial nos EUA (depois da abolição dos escravizados em 01 de janeiro de 1863 até a década de 1960). Chitlin era o nome de um prato típico do sul, feito com intestino de porco, muito comum na comunidade negra e pobre do país.

Em 1915 ela se casou com o ator Lawrence Chenault, mas logo se separou. Três anos depois, começou a trabalhar com Oscar Micheaux, o primeiro cinesta preto dos EUA. Produzia filmes com atores também pretos para serem exibidos nas salas de cinema específicas. Ele queria que o público excluído pudesse se ver representado nas telas. Criou um sub gênero chamado de “cinema da raça”.

Ele transformou Evelyn Preer em sua estrela. Promovia turnês para exibição dos filmes com sua presença e patrocinava campanhas publicitárias. Com isso, ela recebeu o título de “Primeira Dama das Telas”, entre a comunidade negra.
Entre os nove filmes que fizeram juntos, ‘Nos Limites dos Portões’ (Whithin Our Gates, 1920), que era uma resposta ao horroroso ‘O Nascimento de Uma Nação’ (The Birth of a Nation, 1915), ícone racista dirigido por D.W. Griffith, que fazia apologia a Klu Klux Kan.

No segundo filme de Micheaux, “Within Our Gates”, Preer estrelou como Sylvia Landry. Nesse filme, Preer interpreta uma dedicada professora afro-americana que viaja para Boston em busca de arrecadar fundos para salvar uma escola negra do Sul de ser fechada. Preer participou de muitos filmes com abordagens políticas , alguns deles controversos para a época.

Em 1920 Evelyn se juntou a companhia The Lafayette Players, fundada em 1915 por Anita Bush, pioneira atriz do teatro, conhecida como “A Pequena Mãe do Teatro Negro”. Sua companhia fez tanto sucesso, que conseguiu se apresentar em teatros destinados para os brancos, e conseguiu reavivar o interesse pelo Vaudeville, que vinha perdendo popularidade. Lá, Evelyn conheceu, se apaixonou e se casou com Edward Thompson.

Evelyn começou a chamar a atenção da imprensa branca. Com isso, estrelou espetáculos com elencos multirraciais, como ‘Woman’s Fortune’, de Willis Richardson, o primeiro dramaturgo negro a conseguir montar um espetáculo na Broadway. Também viveu Sadie Thompson em uma montagem de ‘Chuva’, de Somerset Maugham.
Paralelamente, ela filmava com Micheaux (eles trabalharam juntos até 1927), e cantava em cabarés e teatros. Chegou a gravar alguns discos, incluindo com Duke Ellington e Red Nichols.
Em 1927 ela foi protagonista do curta-metragem musical ‘The Melancholy Dame’ (1927), dirigido por Arvid E. Gillstrom, com quem fez outros filmes. Foi o primeiro filme musical falado estrelado por uma atriz negra, lançado meses antes de ‘Aleluia’, de Nina Mae McKinney, outra pioneira negra nas telas de cinema, conhecida na Europa como a “Garbo Negra”, em referência a atriz sueca Greta Garbo.
Evelyn também fez mais dois curtas-metragens com o diretor William Watson e em 1930 estrelou o musical ‘Georgia Rose’ (1930), uma produção independente de baixo orçamento.

Evelyn apareceu em cenas não creditadas em diversos filmes da Paramout. No Al Christie Studios, trabalhou em três comédias de curta-metragem: ‘The Framing of the Shrew’, ‘Melancholy Dame’ e ‘Oft in the Silly Night’, todas em 1928. Embora contratada para cinco filmes, ela quebrou o contrato depois de uma briga com produtores e diretores que ela deveria usar ‘maquiagem para escurecer sua pele’.
Em 1931 aceitou papéis não creditados num filme da Fox e outra na Paramount, chamado ‘Almas Cativas’, no papel de uma presidiária num drama sobre sistema prisional.
Também teve outra participação não creditada como a prostituta Viola no filme protagonizado por Marlene Dietrich, ‘A Vênus Loira (Blonde Venus, 1932)’.

Em abriu de 1932, ela deu à luz a sua única filha, Edeve. Foi um parto complicado, que a obrigou a ficar internada. Em 17 de novembro do mesmo ano, ela faleceu de pneumonia. Estava com 36 anos de idade.
Edeve Thompson tornou-se freira na adolescência. Depois, tornou-se e professora universitária. Mais tarde tornou-se uma grande pesquisadora da história do cinema negro nos Estados Unidos.
Fonte: Memórias Cinema Cinematográficas

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