
Artigo assinado pela arquiteta Elaine Carvalho – especial para o MONDO MODA
Depois de muitos cancelamentos, finalmente 2022 chegou com esperanças de dias melhores e de uma retomada de nossa vida. E na semana de 07 a 12 de junho aconteceu a 60ª edição do Salone del Mobile e com ele, Milão respira e transpira Design, Arte e Arquitetura. São dezenas de eventos, mostras e instalações espalhadas por toda a cidade.
Até então, o evento acontecia em Abril, início da primavera europeia, mas ainda com um vento gelado no rosto. Porém, com os (re) agendamentos, o Salone aconteceu durante uma temperatura em torno de 35º graus, causando uma considerável mudança no Dress Code, além de mudanças nas luzes e cores em todos os espaços.
Confesso que nos primeiros anos em que fui eu realmente me deslumbrava com tudo. Hoje em dia, este deslumbramento não é tão intenso. É normal, o mobiliário é um bem de consumo que deve ser durável e acredito que a indústria não pode fazer produtos descartáveis e de uso efêmero – principalmente com todos os acontecimentos dos últimos anos.
Com tantas incertezas, eu também já imaginava que não teríamos grandes lançamentos.
Como disse a nova presidente do evento, Maria Porro:
“Existe uma preocupação com a durabilidade, com o conceito de beleza duradoura, bem como a maior atenção a materiais utilizados”.
Também notei que eles fizeram muitas reedições. É bacana ver o pessoal mais jovem se encantando com algumas peças que já existiam há muitos anos, mas que ganharam nova roupagem. Assim como a Moda, Milão parece olhar pra trás para poder olhar para frente. Por outro lado, a sensação de ‘já vi isso’ é inevitável.

Com a pandemia houve uma transformação da casa num efeito imediato de confinamento e novas relações foram estabelecidas entre o ser humano e seu habitat. Com isso em mente, notei uma reconexão com a natureza que se fez presente em praticamente todos os locais. Isso aliado a uma explosão de cores que se espalhava nas vitrines.
Uma grande mistura de plantas. Aliás, eu não me lembro de ter visto tantas oliveiras juntas. Para você ter uma ideia, tinha um stand com uma sequencia com 12 vasos com oliveiras enormes…

Também no conceito voltado a natureza, tons terrosos marcaram presença junto as variadas formas orgânicas em móveis, tapetes e objetos de decoração, além de uma infinidade de fibras naturais.


Também percebi que investiram muito no mobiliário de área externa, que, foi o que mais me encheu os olhos, assim como as cozinhas, que estavam maravilhosas, com produções muito charmosas para quem realmente tem muito bom gosto!


Eventos paralelos
Tenho o hábito de ir ao Salone num único dia, que nesta edição contava com 200 mil metros de área montada, 2100 expositores – sendo 25% estrangeiros. Faço uma seleção das marcas que mais gosto e já vou supre direcionada para conseguir visitar cada um dos meus preferidos.
Assim, no restante da semana, em muitos quilômetros percorridos, aproveito para visitar os eventos paralelos. É uma cidade grande e tudo é bem espalhado.
Dentre os que mais gostei, destaco a imperdível exposição de Paola Lenti com seus maravilhosos e coloridos jardins; os passeios pelo bairro Brera e a Universita Degli Studi di Milano – onde estavam os brasileiros.




Sem contar as lojas de rua, com destaque especial para a Poltrona Frau, onde os espaços com seus afrescos eram um show a parte.


Eu amo a cidade, o burburinho, entre outros. Aí, ouvi de uma empresária brasileira que estava expondo, que o Brasil ficou em terceiro lugar no numero de visitantes neste ano. Pensa na emoção. Importante lembrar que os chineses e russos que sempre marcavam presença com grande número de expositores, ficaram de fora da edição – por motivos óbvios.

Enfim… Eu me emociono todas as vezes que passo pela Catedral de Milão (Duomo di Milano). Em minha opinião é um dos lugares mais lindos da Europa. E neste ano, mais uma vez, valeu muito a pena. Sempre dá para colher bons frutos numa semana intensa de uma cidade que sou apaixonada.
Sobre Elaine Carvalho
Inquieta por natureza, Elaine Carvalho trabalha 24 horas por dia buscando referências nas mais diversas fontes de conhecimento.
Arquiteta de formação, transita por este meio com muitos projetos na sua maioria residenciais e executados por um olhar treinado que a instiga a procurar incessantemente novos elementos. Razão ao qual está presente em muitas feiras nacionais e internacionais, visita roteiros de design mais badalados e observa atentamente os lugares por onde passa.
Com estilo atemporal, busca criar algo autoral, com equilíbrio, elegância e simplicidade, respeitando os hábitos das pessoas que vão vivenciar sua arquitetura até alcançar a materialização de seus sonhos.